James Wan está criando o "Universo Invocação do Mal", que provavelmente será o mais rentável do gênero de terror de todos os tempos. Já foram lançados três filmes, que até agora acumularam mais de U$ 800.000.000,00 mundialmente e mais dois filmes confirmados para os próximos anos (Invocação do Mal 3 e o Spin-off The Nun), e isso não para por aqui, se James Wan manter a qualidade que seus filmes vem tendo, a franquia vai longe, muito longe.
Invocação do Mal 2 traz mais um episódio baseado em fatos das investigações do famoso casal de "caça-fantasmas" Ed e Lorraine Warren, dessa vez, o casal viaja até Londres, para ajudar a família Hodgson, onde uma mãe solteira cria seus filhos com o mínimo de recursos possíveis. Uma das filhas começa a ter indícios de uma possessão e a mídia fica dividida, alguns acham que é uma farsa, outros acreditam na história da família. Todo esse circo midiático leva o famoso casal até Londres para que eles comecem as investigações e o filme se desenrola à partir daí.
James Wan é um dos diretores com mais competência dessa nova geração, ele dirigiu o primeiro Jogos Mortais e produziu os outros filmes da franquia, dirigiu o excelente Gritos Mortais, também dirigiu Sobrenatural e Sobrenatural Capítulo 2, que são ótimos filmes de terror, além de ter dado outra cara para a franquia Velosos e Furiosos, ao dirigir o sétimo filme e o que mais arrecadou dinheiro, além disso, Wan deu uma guinada no Terror, depois que Invocação do Mal estourou na bilheteria, os filmes do gênero voltaram à trazer bons resultados nas bilheterias, mas além de ter filmes bem sucedidos no currículo, Wan tem visão, estilo e consegue dirigir muito bem seus atores.
Invocação do Mal 2 é quase perfeito, se não fosse pelos minutos a mais que o filme tem (mesmo que seja para que o envolvimento do público com os personagens seja mais forte), o filme seria excelente, mas a demora que leva para as duas histórias se cruzar não tira o mérito do resto do filme, que é muito bom.
James Wan passeia com a câmera de uma forma que faz com que o público entre dentro do filme, ele caminha atrás dos personagens, as vezes revelando metade do cenário e deixando a outra metade para sua imaginação te assombrar, ao mesmo tempo, em algumas cenas, ele mostra "os monstros" na sua cara, sem nenhum pudor, dá para perceber uma evolução clara do diretor, que no primeiro filme tinha metade do orçamento e que Wan tinha arriscado um pouco menos. Além de filmar muito bem, Wan é super detalhista, a paleta de cores dos cenários, os objetos antigos, o porão da casa, está tudo muito perfeito.
O primeiro ato é feito de maneira bem cautelosa, logo a primeira cena é excelente, os Warrens estão em Amityville, e logo na primeira sequência de terror você já fica sem fôlego, ali, onde Vera Farmiga mostra que é uma das melhores atrizes em atividade, eu já sabia que o filme ia render. Ainda no primeiro ato, as duas histórias estão acontecendo de forma separada, os Warrens estão no EUA e a família Hodgson começa a apresentar os primeiros sinais de possessão. O grande problema do segundo ato é que as histórias demoram um pouco para se cruzar e isso incomoda bastante, uns 20 minutos a menos faria toda diferença. Já no terceiro ato o filme chega no seu ponto alto, por mais previsível que seja, o final do filme é bem resolvido, com cenas dramáticas e assustadoras.
O elenco é primoroso. As pessoas costumam não valorizar performances nesse gênero, mas o que Vera Farmiga faz é incrível, como essa mulher ainda não tem um Oscar? Dá para creditar boa parte do filme em seu nome, ela passa uma confiança incrível em seu papel, desde as cenas dramáticas, passando pela incrível química com o Patrick Wilson (que está "just ok" aqui) e fechando com chave de ouro nas últimas cenas. Madison Wolfe já é o destaque infantil do ano, se ano passado Jacob Tremblay roubou a cena em O Quarto de Jack, Madison rouba a cena em Invocação do Mal 2, nas cenas de possessão, Wolfe dá um show de atuação. O resto do elenco é bem escalado e não tem ninguém que comprometa o resultado final do filme.
Invocação do Mal 2 espanta a maldição das continuações sem qualidade e firma de vez James Wan como um dos diretores mais estilosos de sua geração.
4.5/5
79% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
65/100 no Mettacritic