quarta-feira, 27 de abril de 2016

Review: Batman vs Superman: A Origem da Injustiça

Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice - 2016)

Porque é tão difícil falar de filme de herói? Se você fala bem é "fanboy", se fala mal é "pseudo-cult". A verdade é que cinéfilo não gosta de admitir que gosta de filme de herói, ou qualquer outro filme feito para a massa, como eu não tenho esse problema, posso tranquilamente afirmar que Batman vs Superman têm seus problemas, mas em um todo ainda é um filme muito bom.




O diretor é Zack Snyder, que é bem polêmico, ele divide opiniões e dificilmente você terá uma opinião neutra sobre ele, bem, eu tenho. Eu acho que ele acertou bastante em Watchmen e em Homem de Aço, mas também conseguiu a proeza de fazer um dos piores filmes do século, aquela porcaria chamada Sucker Punch

Só que tudo o que ele não é em BvsS é neutro. Snyder arrisca, arrisca no visual denso e sombrio, arrisca na trilha sonora forte, maravilhosa, cheia de guitarra, mas quem arrisca também erra, Snyder usou e abusou dos efeitos feitos em estúdio, dando um ar de superficialidade excessiva nas batalhas, causando um certo desconforto. Erra também na narrativa do filme, Snyder tinha um roteiro frágil em suas mãos e poderia ter tentado amarrar tudo direito, mas não conseguiu, o filme têm muitas sub-tramas e acaba não resolvendo algumas delas.




O roteiro é de dois roteiristas bem destintos. Chris Terrio venceu o Oscar recentemente pelo roteiro de Argo e David S. Goyer é o roteirista da trilogia Blade e da recente trilogia do Batman. ambos bons roteiristas, mas aqui fazem um trabalho cheio de altos e baixos, falta um pouco de conexão entre as cenas, falta estrutura no roteiro, que possui bons diálogos, diálogos rápidos, mas as vezes desnecessários, que acaba dando ao filme uns minutos à mais, não que o ritmo seja ruim, porque não é, mas tudo o que sobra acaba atrapalhando um pouco.

Como eu já disse anteriormente, a trilha sonora é um show à parte, é bom ver Snyder arriscando e saindo do convencional para o gênero, quando a Mulher Maravilha entra em cena com sua armadura, a trilha sonora dá um up na cena, assim como na sequência da última batalha do filme.



A fotografia ficou por conta do Larry Fong, que já havia trabalhado com Snyder em 300, em Watchmen e em Sucker Punch, se em 300 todo visual do filme era ruim, aqui Fong filmou bem corretamente, é muito mais funcional as cores que ele e Snyder escolheram, dando um tom sombrio para os cenários de batalhas, que são iluminados com os raios de calor do Superman, ou da armadura da Mulher Maravilha. Fong acerta também nos enquadramentos dos heróis, e os enquadramentos em câmera lenta também são ótimos.




Outro ponto forte é o elenco. Há algum tempo atrás, quando saiu que o escolhido para interpretar o Batman era o Ben Affleck, os fãs ficaram revoltados (confesso que na época eu também não gostei), mas ele se provou um Batman ótimo e um Bruce Wayne ainda melhor, o personagem em si já é bem difícil de ser interpretado, mas Affleck consegue ser o ponto chave do elenco, lidando com todas as nuances de seu personagem que agora, mais velho, está mais justiceiro do que nunca. Só precisa melhorar um pouco nas artes marciais, não sei se foi a armadura, mas achei Affleck bem lento na hora das lutas. Henry Cavill é sempre uma incógnita, ele não é um bom ator, mas é incrível como o Supermen lhe cai bem, e o Clark Kent também, talvez ele tenha nascido só para interpretar esse papel mesmo. Gal Gadot usa e abusa do seu carisma, ela tem umas sacadas boas, uns olhares intensos e na hora que a Mulher Maravilha entra em cena, é de longe, a melhor cena do filme, que mesmo tendo desagradado muita gente, manteve a Mulher Maravilha como unanimidade positiva. Já uma coisa que não foi unanimidade foi a performance de Jesse Eisenberg como Lex Luthor, ele deu uma exagerada, mas eu gostei, ele faz bem esse tipo de papel meio louquinho, fora que ele é um Lex Luthor mais novo, então encaixou muito bem. O resto do elenco está ótimo também.


É importante lembrar que esse novo Universo DC dos cinemas está começando a ser formado, a Marvel patinou bastante antes de fazer filmes realmente bons (Lê-se Vingadores), Snyder dá o tom que o Universo pode seguir e mesmo que seja um tom com um quê louco, grandioso e megalomaníaco,  ainda é um tom que tem qualidade, e nisso a DC já sai na frente da Marvel.



4.0/5


28% de críticas negativas no Rotten Tomatoes
44/100 no Mettacritic




terça-feira, 12 de abril de 2016

Review: Cake - Uma Razão Para Viver

Cake - Uma Razão Para Viver (Cake - 2015)

Quanto vale a performance de um ator ou atriz dentro de um filme? O quão isso é relevante para o resultado final? Em Cake, é quase 100%. É óbvio que uma performance não depende só do ator, tem o roteiro, o diretor que dirige o ator, a maquiagem e várias artimanhas por trás da atuação, mas nesse caso, Jennifer Aniston é fundamental para que o filme funcione.

Claire (Jennifer Aniston) uma mulher cheia de traumas, ranzinza, mal humorada, que não enfrenta seus problemas, começa a ficar obcecada por Nina (Anna Kendrick) uma garota do seu grupo de apoio que se suicidou. Claire começa investigar um pouco mais sobre a vida de Nina e aos poucos o filme vai revelando os verdadeiros traumas de Claire.



A direção ficou por cargo do Daniel Barnz, que até é um pouco bem quisto no meio independente, mas aqui deixa algumas lacunas e alguns pontos falhos, principalmente no primeiro ato. O filme demora bastante para engrenar, o primeiro ato é bem cansativo e arrastado, mas o roteiro de Patrick Tobin começa a melhorar do segundo ato em diante, que aos poucos vai revelando os motivos de Claire ser do jeito que é.



Eu não gosto do jeito que o diretor filma, ele dá uns closes bem medonhos, parece um pouco amador, prejudica bastante a fotografia do filme.

A trilha sonora é bonita, na cena com mais drama ela dá um empurrão legal. Christophe Beck que está mais acostumado com comédias (trilogia Se Beber Não Case, A Escolha Perfeita) se deu muito bem no drama também.

Mas vamos ser sinceros? A razão que nos faz assistir o filme é Jennifer Aniston, a personagem vai aos poucos cativando o público e tudo isso se deve a Aniston.

Jennifer Aniston entrega um performance limpa, sincera, forte, sem aqueles maneirismos chatos e aquelas caras e bocas exageradas, porque o filme não pedia isso, Aniston cai como uma luva para esse papel, na cena do trem, só com cinco palavras, podemos ver o peso que sua personagem carrega, e nas cenas seguintes a explosão dramática acontece e é linda, Aniston mostra que pode fazer comédias e dramas sem dificuldades, que aquele status que antes possuía foi superado. Adriana Barraza também mostra um excelente trabalho, sua personagem tenta a todo momento manter Claire sã, cuidando dela como se fosse uma mãe. A cena que ela começa tagarelar em espanhol é maravilhosa. O resto do elenco é "ok".





Com a evolução do primeiro ato para o terceiro, o filme termina com um ar satisfatório, a história é mal contada e sai bem prejudicada pela narrativa duvidosa, mas Jennifer Aniston é tão sublime, que consegue segurar bem o filme em sua performance, o envolvimento com a personagem é suficiente para nos fazer ficar e esperar ansiosamente por mais performances como essa.




3.0/5

49% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
49/100 no Mettacritic.