Operação Red Sparrow (Red Sparrow - 2018)
Operação Red Sparrow foi muito criticado pela maioria das pessoas que assistiram por ser um filme longo e sem ação, mas o que conduz a narrativa do filme é o suspense, que é bem construído ao longo das mais de duas horas e embora tenha sim defeitos, o resultado final é bem mais satisfatório que o esperado.
Após sofrer um acidente em uma apresentação de ballet, Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) se vê em uma situação financeira complicada, até que seu tio (Matthias Schoenaerts), um espião russo, a convida para fazer parte de um programa de treinamento para jovens espiões que tem como principal habilidade a sedução. Em uma missão secreta, Dominika se apaixona por um espião estadunidense (Joel Edgerton) e ela se divide entre o amor ao seu país e o amor pela nova paixão.
A história é clichê e o modo "americanizado" de pensar sobre a Rússia e o serviço de espionagem são pontos negativos para o filme, que além desses defeitos, possui uma duração maior que a necessária para contar uma história que não é complexa e que não tem tantas viradas no roteiro.
Embora a história seja clichê, a personagem da Jennifer Lawrence é muito envolvente e o roteiro coloca reviravoltas nos momentos certos, então, com bons diálogos e o clímax tenso que o filme vai construindo ao longo das cenas, os pequenos problemas conseguem ser disfarçados.
Francis Lawrence imprime uma direção cheia de personalidade, logo na cena incrível de abertura, podemos ver seu talento. Todo o visual do filme é bem diferente do que vemos nos filmes desse gênero. A fotografia de tons mais frios e como ele usa a nudez no filme é muito inteligente. Não há uma sexualização banal da protagonista, ainda que seja um dos principais artifícios dos sparrows, Francis usa isso com muita sabedoria.
A tensão que o filme constrói lentamente é bem acertada, com uma trilha sonora ótima e com cenas finais que conseguem surpreender. Aliados é um filme que também tem uma estética boa e ótimas cenas finais, mas ao contrário daqui, a história era totalmente desinteressante. Há duas cenas aqui que reviram o estômago e uma que dá uma sensação de infarto, mas como não vou dar spoilers, vocês vão ter que ver e descobrir quais são.
Todo o suspense do filme é construído pelo roteiro, não espere grandes cenas de ação, Operação Red Sparrow é muito mais um suspense de espionagem. A personagem principal é cuidadosamente bem apresentada para o público, mas a maioria dos personagens secundários não são bem desenvolvidos e há um certo desperdício de bons atores.
Jennifer Lawrence mais uma vez prova que consegue sim ser protagonista de um filme e levar ele nas costas. Seu trabalho é bem consistente, ela tem carisma, consegue ser bem magnética, sedutora, dúbia e nas cenas mais dramáticas ela se sai muito bem. O sotaque dela varia um pouco e isso é um ponto negativo em seu trabalho. Joel Edgerton (Nate Nash) está completamente apagado, além dele ser ofuscado pela sua parceira em cena, ele e a Jennifer não tem química nenhuma. Charlotte Rampling (Matron) está muito bem, ela é bem sombria, é interessante, mas infelizmente seu tempo em cena é curto. Matthias Schoenaerts (Ivan) não surpreende, mas também não compromete e o restante do elenco coadjuvante não chama a atenção.
Operação Red Sparrow é um filme com defeitos, mas que com uma personagem interessante, um roteiro bem escrito e com uma direção presente, consegue surpreender.
3.5/5
47% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
53/100 no Metacritic.
Nenhum comentário:
Postar um comentário