quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Parasita vai ganhar o Oscar de Melhor Filme


Existe um grande fantasma na Indústria Cinematográfica que é a pouca atenção que o Oscar dá para filmes que não são falados em língua inglesa e até filmes que não são estadunidenses, mas ao que tudo indica, Parasita caminha para vencer categorias importantes no próximo Oscar, inclusive a de Melhor Filme.


O Oscar é a premiação mais tradicional do cinema mundial, já tem mais de 90 anos de existência e é a que detém o maior número de audiência, mas como tudo é relativo, sabemos que nem de longe, é a premiação mais justa. Nos últimos anos, com movimentos sociais fortes das pessoas envolvidas na indústria cinematográfica, houve um aumento na diversidade dos votantes da Academia, que anualmente decidem quem vence as 24 categorias do Oscar. Negros, estrangeiros e mulheres ganharam espaço entre os membros da Academia, ainda que esse espaço seja mínimo. Ano passado, já vimos essa mudança refletida na premiação com Roma vencendo 3 estatuetas e com 3 diretores não estadunidenses indicados na categoria de direção. Mesmo com as 10 indicações de Roma e o favoritismo do filme na premiação, o fraco Green Book venceu a categoria principal, mantendo viva a tradição de só dar o prêmio de Melhor Filme para filmes estadunidenses. Na próxima edição, isso provavelmente vai mudar.

Mesmo que seja cedo para falar de Oscar, já que as principais premiações ainda nem lançaram a lista com os indicados, a vitória de Parasita é quase certa.


Bong Joon-ho é um cineasta muito querido por todos, seus filmes sul-coreanos foram bem recebidos pela crítica estadunidense (The Host e Mother, principalmente). Após fazer dois filmes em língua inglesa, ambos que apareceram em uma ou outra premiação (Okja e Expresso do Amanhã), ele retorna ao seu idioma de origem e lança o filme mais comentado do ano. 

Parasita começou sua trajetória vencendo o prêmio máximo de Festival Cannes, a Palma de Ouro e de lá para cá, fez algo que poucos filmes conseguem, que é se manter na boca de todo mundo até agora. Além de unir críticas extremamente positivas, o filme conseguiu um feito extraordinário, fazer uma bilheteria muito alta, principalmente para um filme independente sul-coreano. Já são mais de U$120.000.000,00 e o filme ainda está em cartaz em inúmeros países. Mas além de todos esses fatores, Parasita tem algo que em sua atmosfera, em sua história, que vai ser muito difícil de algum outro filme bater. Ele permanece na sua cabeça após dias, semanas e meses.


Falar desse filme sem dar spoiler é quase impossível, mas não darei para não estragar a experiência de ninguém.

O filme conta a história de uma família pobre, que está fazendo bicos para sobreviver e moram em uma espécie de porão imundo. As coisas começam a mudar quando um dos membros da família começa a trabalhar para um família rica. Não contarei mais detalhes porque o longa é surpreendente.

Parasita é um filme completo, a direção impecável do Bong Joon-ho é milimetricamente bem feita, desde a direção do elenco, algo que ele sempre fez bem, até a movimentação de câmera, a criação de clímax, que causa uma tensão atmosférica poucas vezes vistas. E se a direção dele é assertiva, o roteiro é bem construído, com humor ácido, cheios de críticas sociais bem empregadas na história, um suspense crescente, que te faz ficar boquiaberto várias vezes, personagens bem desenvolvidos e um elenco que dá banho na maioria dos atores de Hollywood.


Apenas um concorrente parece ter forças para derrubar Parasita. O Irlandês, longa ambicioso de Martin Scorsese, terá uma campanha pesada da Netflix e pode chegar ao Oscar como favorito, mas a minha torcida, desde já, é para Parasita.


Um comentário:

  1. Sai pra lá com esse irlandês aí. Acho que perde muita força até, tirando o Coadjuvante de Pesci que vem, merecidamente, forte

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