Talvez uma das experiências mais agradáveis que o cinema nos proporciona é ver um filme sem nenhuma expectativa e sair contente de uma sala de cinema (ou da sala de casa mesmo)
Um Momento Pode Mudar Tudo é um drama estadunidense que parece ser uma versão feminina de Os Intocáveis, mas mesmo com as semelhanças, o longa têm suas diferenças, os toques de comédia são menores, o filme acaba sendo mais dramático e Hilary Swank é um monstro em cena.
Kate é uma pianista e design bem sucedida, que é diagnosticada com uma doença degenerativa, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que é fatal e só piora como passar do tempo, com tudo, Kate não quer ser tratada como uma paciente comum e contrata e jovem Bec, que não tem muita noção de responsabilidade. As duas são os opostos, mas com o tempo aprendem que mesmo com suas diferenças, podem se tornar grandes amigas.
O diretor é o Gerorge C. Wolfe, ele é mais conhecido por seu extenso trabalho na Broadway, onde produziu e dirigiu diversos sucessos, entre eles, The Normal Heart, Angels in America: Perestroika e Th Wild Party. Um Momento Pode Mudar tudo é seu segundo longa e já é incrivelmente melhor que o primeiro, o fraco Noites de Tormenta.
O filme tem uma introdução péssima aos personagens, o primeiro ato é terrivelmente ruim, eu pensei que viria um enorme bomba por aí, a Bec é super exagerada, parece que fizeram questão demostrar que ela é desajeitada, sem nenhuma sutileza, mas depois dos 25 minutos e filme engata e começa a tomar um ritmo melhor. Os personagens começam a se desenvolver e nós começamos a ter apego neles, principalmente na Kate, conforme a doença vai avançando, Kate consegue cativar ainda mais, muito isso se deve a performance excelente da Hilary, claro.
O roteiro têm suas falhas, principalmente no começo do filme, depois ele começa a ficar mais redondinho e ajuda no desenvolvimento do filme. Um dos defeitos do roteiro (talvez da trama, em si) é que é previsível, uma surpresa ou outra, mas logo no começo do filme, já sabemos que rumo a história vai tomar. Os diálogos não são massantes, mas também não são enxutos, falta um pouco de síntese, mas nada prejudicial. O principal foco do roteiro é a relação da Bec com a Kate, até o Evan fica um pouco de lado, mas aos poucos vamos conhecendo melhor a história de Bec e entendendo melhor o que a levou ser tão rebelde.
A trilha é outro ponto alto do filme. é sutil, é bonita e nas cenas finais é fundamental para que o drama aconteça de forma convincente.
O elenco está ótimo, Hilary Swank trabalha como ninguém, não consigo imaginar nenhuma outra atriz que faça esse trabalho físico tão bem feito, ela faz todo um trabalho com a voz , é impecável, nas cenas de drama também mostra que não é por acaso que já tem dois Oscars em sua estante. Emmy Rossum não fica atrás como a rebelde Bec, sua performance cresce junto com o filme, nas cenas finais ela está soberba, certamente Hilary e Emmy estão melhores que algumas atrizes que foram indicadas ao Oscar em 2014/2015. Até o Josh Duhamel que não costuma estar razoável, aqui mostra um bom trabalho. O elenco secundário poderia ser mais aproveitado, principalmente Loretta Devine,que nos poucos momentos que aparece, dá um show.
You're Not You não reinventa um gênero, ele usa de elementos clichês em sua narrativa e nos remete muito ao excelente Os Intocáveis, mas ainda sim consegue ser bom, seu melodrama é bem construído e junto as as performances brilhantes de Hilary e Emmy, nos comove.
4.0/5
40% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
56/100 no Mettacriti