Disfarçado de telenovela sem sal, A Luz Entre Oceanos é um ótimo drama, com performances excelentes e uma bela fotografia.
Tom (Michael Fassbender) é um rapaz solitário, que passou alguns anos na Primeira Guerra Mundial e depois de sobreviver, ele resolve trabalhar no farol em um ilha, afastada da população, entre idas e vindas na cidade, ele conhece Isabel (Alicia Vikander), logo eles se casam e ela vai morar com ele na ilha. após dois abortos espontâneos e muito sofrimento para Isabel, um bebê chega em um barco junto com o corpo de um homem, eles interpretam isso como uma dádiva divina e mesmo com Tom relutando para não ficar com o bebê, eles criam a criança. Após alguns anos, Tom descobre que uma mulher na cidade (Rachel Weisz) perdeu a filha e o marido no mar.
Que Derek Cianfrance tem um talento para nos colocar para chorar é inegável, em Namorados Para Sempre eu fiquei extremamente deprimido, aqui ele opta por mesclar o dilema pesado que o casal principal enfrenta, com as belas paisagens da ilha onde eles vivem e o amor nítido, que é passado de forma pura (que muito se deve a química extraordinária que o casal tem). Seu roteiro, mostra que toda grandiloquência não é necessária para contar uma história, não existe vilões ou mocinhos em seus filmes, são personagens reais passando por dramas reais, ainda que nesse caso seja ambientado há quase 100 anos.
Derek acerta no roteiro, pois o filme tem um pouco de tempo a mais do que deveria, mas em nenhum momento se perde, fica massante ou monótono, ele faz um belo primeiro ato, dando tempo da gente conseguir criar vínculo com os personagens, mantém o ritmo no segundo ato e no terceiro ato consegue dar soluções que fogem dos clichês e que deixem a gente na expectativa. Além disso, seu roteiro é um prato cheio para os atores;
A fotografia ficou por conta do Adam Arkapaw e ele faz um belo trabalho. As paisagens já são por si só lindas, mas Adam e Derek filmam muito bem, a cena do casamento é perfeita, todos os closes que eles dão nos atores nos momentos mais dramáticos, o modo como escolhem usar a câmera tremida em uma ou outra cena e depois voltam a câmera que desliza no ar, enfim, souberam aproveitar as belezas naturais de forma correta.
A trilha sonora é irregular, no começo, com os violinos mais suaves ela é adequada, mas lá pra metade do filme, quando os arcos dramáticos começam a se desenvolver, ela atrapalha, soa desesperadora, como se tivesse um tom a mais do filme, chegando ao ponto de atrapalhar o clímax criado que era até aquele momento, era bem construído
Outra coisa que Derek sabe fazer muito bem é dirigir seus atores. Alicia Vikander entrega uma performance digna de Oscar, com uma carga dramática alta, em uma cena específica (não posso dar detalhes porque é um spoiler grande) onde ela se entrega emocionalmente de uma maneira tão crível, é bonito de se ver, ela realmente mostra que venceu o Oscar por méritos próprios e que veio para ficar. Michael Fassbender parece que nunca vai me decepcionar, ele está ótimo também, seu personagem é mais contidos pelos traumas que passou, mas Fassbender consegue passar tudo o que sente com o olhar, com as expressões faciais, ele é realmente um ótimo ator. Rachel Weisz não tem muito tempo em cena, mas passa com muita profundidade a dor de sua personagem.
Luz Entre Oceanos é um ótimo filme, não inova, não choca, não surpreende em grandes escalas, mas faz aquilo que todo o filme deveria fazer, contar uma boa história direito.
4.0/5
59 % de críticas positivas no Rotten Tomatoes
60/100 no Mettacritic.
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