Review: Liga da Justiça

Liga da Justiça (Justice League - 2017)

Após apanhar dos críticos com os primeiros filmes, a DC se reergueu na metade do ano com o sucesso absoluto de crítica e e de público Mulher-Maravilha, que agora vai ter uma campanha grandiosa para o Oscar. Será que Liga da Justiça mantém o nível alto que a DC atingiu no cinema ou decai em qualidade? Olha, infelizmente o filme não é tão bom quanto Mulher-Maravilha, mas mesmo com uma somatória considerada de defeitos, Liga da Justiça tem um saldo bem positivo.

Zack Snyder é um diretor polêmico, mesmo seus roteiros sendo fracos, ele tem personalidade e conseguiu ao longo dos anos imprimir sua marca, seu senso estético e suas cenas de ações inconfundíveis. Joss Whedon é conhecido pelos seus roteiros dinâmicos e engraçados, consegue filmar ótimas sequências de ação, mesmo não tendo uma marca registrada ou inovadora na direção. A união desses dois nomes fortes da indústria cinematográfica poderia ser algo muito mais grandioso do que foi, já que fica perceptível as cenas que foram refilmadas e qual cena cada diretor dirigiu, mas mesmo não sendo inovador ou surpreendente, Liga da Justiça entrega ótimas cenas de ação, personagens interessantes e bons diálogos cômicos.

A montagem do filme é bem catastrófica, principalmente no começo do filme, mesmo que a introdução rápida dos personagens não seja ruim, as primeiras cenas são bem picotadas e em vários momentos, como na cena em que o Batman recruta o Aquaman, é nítida qual parte é da produção e qual parte é da pós-produção. Outro defeito grave do filme é o mal uso do CGI, seja na barba do Henry Cavill, que foi retirada digitalmente, ou na construção do Lobo da Esterpe, que não funciona bem, principalmente no rosto.

Se por um lado, o CGI atrapalha um pouco, por outro, as cenas de ação são ótimas. As sequências das Amazonas e a cena da batalha em Atlanta são incríveis, uma pena duraram tão pouco. As cenas de ação dos heróis juntos também são boas, conseguiram interagir bem entre eles e usar os poderes em conjunto, coisa que até hoje não conseguimos ver na franquia dos X-Men, a cena que o Flash empurra a espada para a Mulher-Maravilha ou que a Mulher-Maravilha tira os Parademônios de cima do Batmóvel, são exemplos claros de que eles funcionam bem como equipe na hora da ação.

A principal qualidade do filme é a relação que eles criam durante o filme, por mais que metade da Liga tenha que ser apresentada as pressas nesse filme, quando eles se juntam e conversam, tudo flui naturalmente. A relação da Mulher-Maravilha com o Ciborgue e do Batman com o Flash são excelentes, ainda que contidas, dá para ver que eles vão funcionar bem nos momentos que não estão lutando. Parte disso se deve aos personagens, que são realmente interessantes por si só, mas o elenco competente também tem seu mérito.

O roteiro é bom, embora não inove e nem dê muita profundidade para nenhum personagem específico, ele faz o famoso arroz com feijão bem feito, bons diálogos cômicos (sem exageros como vimos em Thor: Ragnarok), um certo equilíbrio no tom do filme e boa interação entre os personagens.

Ezra Miller (Flash) é o que entrega a melhor performance do filme, ele é carismático, expressivo, consegue passar bem por uma cena dramática que seu personagem possui e é um alívio cômico perfeito. Gal Gadot (Mulher-Maravilha) e Jason Momoa (Aquaman) se saem bem também, mesmo que não seja exigido muito em questão de atuação, os dois transbordam carisma e são interessantes. Ben Affleck tinha se saído muito bem em Batman vs Superman, mas aqui ele não consegue se sobressair, já que não tem timing nenhum para a comédia. Ray Fisher (Ciborgue) também não entrega um bom trabalho, seu espaço em cena é pouco e o dilema de sua vida é deixado para escanteio, mas no pouco que seu personagem é explorado, ele não demonstra talento nenhum, é completamente inexpressivo. Amy Adams (Lois Lane) e Diane Lane (Martha Kent) são ótimas atrizes e estão muito bem no filme, mas aparecem pouco.

Com vários problemas técnicos e um roteiro mediano, Liga da Justiça consegue surpreender com boas cenas de ação e com a química dos personagens, tanto como heróis nas batalhas, quanto nas relações pessoais.

3.5/5

37% de críticas positivas no Rotten Tomatoes

46/100 no MettaCritic