A Netflix lança conteúdo exclusivo todos os meses e se por um lado, os filmes as vezes deixam a desejar (com algumas exceções, claro), por outro, as séries originais sempre surpreendem e fazem sucesso, basta ver os exemplos recentes de 13 Reasons Why, as duas últimas temporadas de Black Mirror e um dos maiores sucessos dos últimos anos, Stranger Things. Agora em um cenário pós-apocalíptico, a primeira série dinamarquesa do serviço de streaming consegue manter o bom nível das principais séries da Netflix.
Já pensou viver em um mundo onde a chuva é mortal? Em The Rain, a chuva traz uma espécie de contaminação que se espalha rápido e mata quem nela fica. Durante a série, acompanhamos a luta pela sobrevivência de dois irmãos, que ficaram 6 anos em um abrigo e que quando a comida começa a faltar, eles resolvem ir procurar o pai, que tinha prometido voltar assim que possível.
O ritmo da série é muito bom, são poucos episódios e eles não são longos, isso facilita bastante, hora nenhuma a trama fica desinteressante ou lenta. Logo nos primeiros minutos do primeiro episódio, somos apresentados a chuva, sem muitas introduções aos personagens, acompanhamos a trajetória de uma família e à partir do segundo episódio, a jornada de Simone e Rasgus na busca do pai começa.
The Rain cresce com o passar dos episódios, a trama avança, novos personagens surgem, eles buscam novos lugares, surgem elementos surpresa, mas o excesso de previsibilidade dos acontecimentos incomoda.
Um dos grandes problemas da série, é que o roteiro é clichê. Há milhões de produções que já exploraram o contágio, a irmã mais velha que tenta a todo custo salvar o irmão, jovens que tentam sobreviver em um mundo distópico, tudo isso nós já vimos várias vezes e embora a série tenha um ou outro momento mais surpreendente, é possível adivinhar as decisões que os personagens tomam.
Se a base do roteiro é extremamente batida, todo o lado estético da série não é. Os tons acinzentados, os planos mais abertos e a movimentação de câmera precisa tantos nos momentos melancólicos, quanto nos momentos de ação, são ótimos. A direção de Natasha Arthy e Kenneth Kainz é acertada e foge do comum em séries desse gênero. A trilha sonora também é interessante, ela mescla músicas européias e estadunidenses com destaque para Empire of the Sun.
Outro acerto do filme é a relação dos dois irmãos, mesmo não sendo algo inovador, os dois atores constroem uma relação de cumplicidade que deixa o telespectador ligado emocionalmente com os personagens. Os outros personagens também são interessantes e criam vínculo facilmente com o público, fazendo com que a gente realmente se importe com eles.
Alba August (Simone) começa a série com uns deslizes em sua atuação, no começo ela parece ser insossa e tem uma cena dramática que exigia dela uma explosão que ela não conseguiu realizar, mas ao longo da série sua performance cresce, conseguimos ver sua força e o carisma necessário vai surgindo. Lucas Lynggaard Tønnesen (Rasmus) oscila, hora ele surpreende, hora ele é ofuscado pela irmã, mas em geral ele tem um bom resultado final. Jessica Dinnage (Lea) rouba cena e da metade da série em diante, ganha destaque, é a melhor do elenco. O restante dos atores cumpre os seus papéis sem surpreender muito.
The Rain pode não inovar, mas consegue manter a qualidade do começo ao fim, trazer elementos técnicos bons e ao mesmo tempo que encerra um ciclo, consegue manter mistérios para a próxima temporada.
3.5/5
86% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
65/100 no Metacritic
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