13 Reasons Why - Segunda Temporada (2018)
Texto sem spoilers da segunda temporada.
13 Reasons Why surgiu como um furacão na Netflix no ano passado, a série foi uma das mais assistidas do ano e com certeza, uma das mais comentadas em redes sociais também, como a maioria dos sucessos, 13 Reasons Why criou fã bases enormes e muitos haters também, mas o que a série fez de melhor, foi levantar discussões sobre temas necessários e que muitas vezes, ignoramos.
Hannah deixou as fitas com as pessoas que colaboram (ou não) para a decisão do suicidio e a vida de todos ao seu redor foi afetada, alguns meses depois, sua mãe decide processar a escola e a segunda temporada gira em torno do julgamento.
Uma característica fundamental da primeira temporada se perdeu na segunda, que era o ritmo frenético dos episódios, era praticamente impossível assistir menos que três episódios seguidos, já que a cada capítulo, a história ia ganhando força, os mistérios iam ficando interessantes e a ótima performance de Katherine Langford (Hannah) prendiam a atenção do público. Agora, o ritmo é bem mais lento e como a participação de Langford diminui consideravelmente, a série ficou menos interessante.
O roteiro é bem escrito e dialoga muito bem com o público-alvo (parece até ter sido escrito por Jonh Green), muitas das séries ou filmes que tentam abordar esse público, falham em construir adolescentes difíceis de se identificar, o que não acontece aqui. Ainda que haja um esteriótipo ou outro, mas ao decorrer da temporada, os próprios esteriótipos acabam se dissolvendo. Dá para se identificar com os personagens e durante a temporada, eles se desenvolvem muito bem.
A história da Hannah ainda é presente, mas ela serve de plano de fundo para que os outros personagens se aprofundem e vários atores evoluem muito da primeira temporada para essa, mas há algumas falhas de comportamento de uma temporada para outra de alguns desses personagens e algumas redenções não convencem. Devido ao julgamento, a história de Hannah, antes indiscutivelmente vítima, agora é questionada em todos os episódios, o que faz com que sua personagem perda força e credibilidade que tinha conquistado na primeira temporada.
A série manteve uma trilha sonora muito boa, com músicas incríveis da Billie Eilish com o Khalid, uma repaginada na The Night We Met com os vocais da Phoebe Bridgers adicionados e uma canção belíssima do grupo Human Touch.
Dylan Minnette (Clay) entrega um trabalho satisfatório, mas oscila em alguns momentos. Dá para perceber o desgaste emocional do seu personagem, quando ele fica no melancólico, no triste, ele vai bem, em alguns momentos que exigem uma carga dramática maior, ele não satisfaz, mas uma cena dele com a Hannah no último episódio é muito bonita e ele surpreende. Katherine Langford (Hannah) é uma ótima atriz, mas sua participação diminuiu bastante, seu papel não exigiu muito dela e em meio as evoluções dos outros atores, ela ficou apagada. Alisha Boe (Jessica) ganhou um espaço enorme e sua personagem foi melhor desenvolvida, suas cenas são difíceis, ela está sempre chorando e tem que lidar com um estupro do qual seu namorado foi cúmplice e ela dá conta do recado, se a terceira temporada for focada nela, não vou reclamar. Kate Walsh (Olivia Baker) também tem um papel super difícil, sua personagem fica o tempo todo lacrimejando no tribunal e ao mesmo tempo que lida com a morte da sua filha e a pressão do julgamento, seu casamento se rompe. Walsh se mostra experiente e consegue fazer todas as cenas dramáticas com perfeição, ela tem carga emocional e gera empatia ao mesmo tempo. O restante do elenco é bom e a maioria mostra evolução.
A segunda temporada de 13 Reasons Why decai um pouco, mas não deixa de ser importante, o bom roteiro, os personagens reais e o tema valem a pena de serem vistos, ainda que o ritmo deixe um pouco a desejar.
3.5/5
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