segunda-feira, 24 de julho de 2017

Review: Beleza Oculta



Beleza Oculta (Collateral Beauty - 2016)

Quando as críticas negativas de Beleza Oculta começaram a sair aos montes, eu pensei que seria aquele típico filme que os críticos detestam e eu amo, mas eu estava completamente enganado.


O grande problema do filme é o roteiro. Allan Loeb não soube sair de um ponto e chegar a outro ponto, a impressão que dá é que ele juntou várias frases de efeito sem se preocupar em dar estrutura nenhuma para seu roteiro. A quantidade de frases bregas tiradas de campanhas motivacionais exageradas é enorme e nada tem continuidade, falta fluidez de uma cena para outra.

Todas as subtramas são solucionadas de forma porca, artificial e vergonhosa. Todos os arcos secundários não são tratados com respeito, nem o caso do câncer, nem a discussão da filha com o pai, nem a maternidade na meia idade, todos esses são temas importantes, mas que se perdem em tantos furos de roteiro.


Além desse problema grave de roteiro, a direção de David Frankel também não ajuda. O diretor não traz personalidade nenhuma para direção, não cria elementos visuais diferentes e dá alguns closes horrendos em alguns momentos dramáticos nos atores. Antes Que Eu Vá pode não ser inovador, mas Ry Russo-Young trouxe uma identidade visual que se desprendesse dos outros filmes de dramas adolescentes e isso não acontece em momento nenhum em Beleza Oculta, parece que estamos vendo um comercial eterno de um livro qualquer de autoajuda. As músicas do filmes são boas, mas a trilha em si é bem fraca, nos momentos mais dramáticos ela sobe sem sutileza nenhuma.


O elenco oscila. Will Smith está muito bem no papel, ele têm uns deslizes quando dialoga com o "tempo", mas em seus momentos sozinhos e com a Naomie Harris, ele entrega seu melhor. Carga dramática forte, consegue trazer um pouco de profundidade para seu personagem apenas com o olhar. Kate Winslet e Naomie Harris também entregam boas performances, embora suas personagens não sejam das melhores. O arco do Edward Norton é mal escrito e sua performance não ajuda muito para o convencimento do público, ele não teve carga dramática e também não esboçou carisma nenhum, mas tem um ator que conseguiu superar ele no quesito de má atuação. Michael Peña tem a mesma expressão de uma porta e a mesma densidade dramática de uma geladeira. Seu papel é pífio e vergonhoso. No final, a sensação é que o elenco é mal aproveitado e mal dirigido.


Beleza Oculta tem duas coisas fundamentais para que um filme dê certo: premissa interessante e elenco talentoso, mas a falta de estrutura no roteiro, a abordagem piegas e a tal história do elenco do teatro fazem o filme fracassar, por mais que Will Smith, Naomie Harris e Kate Winslet tentem salvar o desastre.

2.0/5

13% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
23/100 no Mettacritic


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