sábado, 1 de julho de 2017

Review: Okja


Okja (2017)

Que a Netflix é um sucesso mundial e que vem crescendo a cada ano não é novidade, mas esse ano ela conseguiu um feito interessante. Levou dois filmes para competir no principal festival de Cinema do mundo, o de Cannes. Sendo o primeiro filme levado a Cannes a entrar em seu catálogo, Okja surpreende com uma narrativa complexa, personagens incríveis e uma bela fotografia.



O filme opta por uma estrutura narrativa contundente e bem elaborada. Se por uma lado, a vertente emocional do vínculo de Okja com Mija é explorada o filme inteiro, com picos dramáticos excelentes, por outro, as críticas afiadas à indústria alimentícia são feitas sem pestanejar, sem se preocupar se quem está assistindo o filme é ou não é carnívoro.


Embora seja um pouco parecido com os filmes do Hayao Miyazaki, Bong Joon-ho emprega duas características dos seus dois últimos filmes em Okja e a relação que a gente faz com a carreira do diretor e roteirista é imediata. Uma delas é a preciosidade da relação familiar que vimos em Mother, filme aclamado que venceu prêmios em festivais importantes. Outra característica é a crítica ao capitalismo, sem sutileza nenhuma que vimos em Expresso do Amanhã. Ambos elementos presentes nos filmes recentes de Bong estão muito bem entrelaçados em Okja.


Algumas das coisas que acontecem lá no terceiro ato do filme e no primeiro resgate que o grupo de resgate dos animais são impossíveis, isso incomoda um pouco, aquela mentirinha básica típica de filmes de ação sabe? Mas fora isso, Okja é impecável


É intrigante como em um elenco com Tilda Swinton, Paul Dano e Jake Gyllenhaal, uma atriz mirim com pouca experiência seja o destaque né? Mas em Okja isso aconteceu. Ahn Seo-hyun tem a melhor performance do filme, ela cria empatia com o público logo nos primeiros minutos e ao longo do filme vai cativando ainda mais com sua coragem e perseverança. Além de ser carismática, Ahn tem carga dramática e nas cenas mais tristes ela consegue passar com verdade a dor de sua personagem. Tilda Swinton está muito bem no filme, ela é o tipo de atriz camaleão que faz qualquer papel sem baixar o padrão de qualidade, sua personagem tinha tudo para ser caricata, mas ela entrega tudo na medida certa. Jake Gyllenhaal é um excelente ator, mas está extremamente equivocado no filme, sua performance é muito afetada e ele é muito caricato, triste ver um ator que sempre acerta errar a mão de maneira gritante assim. Paul Dano e Lily Collins não tem muito espaço no filme, mas entregam performances razoáveis.


Uma trilha sonora ótima, uma fotografia assertiva, um tema relevante, uma protagonista excelente e um diretor no seu auge, como podem ver, Okja é uma soma de qualidades em um roteiro muito bem amarrado. É um filme que transborda qualidade técnica e nos encanta com esse apelo sentimental bem aplicado.

5/5

84% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
76/100 no Mettacritic


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