Amor.com (2017)
Pegue dois atores talentosos e uma premissa bacana, junte a um roteiro completamente previsível e mal escrito, com uma direção sem personalidade e uma trilha sonora piegas e pronto, sai do forno um Amor.com morno e sem graça.
Katrina (Isis Valverde) é uma vlogueira de moda muito conceituada, que tem milhões de seguidores e é referência no Youtube. Fernando (Gil Coelho) é um nerd tímido, que está começando um canal com dois amigos e ainda não é famoso, além de fazer os vídeos, Fernando trabalha com uns "freelas" e conhece a Katrina em um evento de moda. O ex-namorado de Katrina vazou umas fotos íntimas dela e ela pede ajuda para Fernando, para que ela impeça que as fotos caia na rede e à partir daí o romance dos dois começa a fluir.
O trailer entrega muita coisa do filme, com uma fluidez até melhor que a do próprio filme, mas mesmo assim eu assisti Amor.com com o coração aberto, porque realmente achava a premissa interessante, ver bons atores interpretando youtubers e ver como a história dos dois poderia ser bem contada me animou, mas logo no começo me jogaram um balde água fria.
O roteiro é raso, ele estrutura a relação do casal da maneira mais clichê possível, usando dois elementos batidos das comédias românticas: os opostos se atraem e amor à primeira vista. Além de usar esses dois elementos de maneira grotesca, não há um desenvolvimento e nem uma evolução na relação dos dois, muito o que acontece ali, se deve a química que os dois inegavelmente tem, ao talento de Isis Valverde e de Gil Coelho, que se esforçam bastante e pela parte das mídias sociais ser bem desenvolvida. Nisso o roteiro acertou em cheio, ele relata a vida de dois youtubers em frente as câmeras perfeitamente bem, embora há alguns exageros aqui, outros esteriótipos ali, mas tanto a vlogueira de moda, quanto o nerd introvertido são retratados muito bem.
A direção de Anita Barbosa deixa um pouco a desejar. Já que tinha um roteiro clichê na mão, cabia a ela empregar uma personalidade em sua direção, seja na escolha do diretor de fotografia, seja na maneira de filmar, seja na direção dos coadjuvantes, ela tinha que ter dado uma cara nova para essa comédia romântica que até tinha um potencial bom.
Como eu já disse anteriormente, a química entre Isis Valverde e Gil Coelho é o principal ponto positivo do filme, mas focando mais em suas performances individuais, Isis Valverde se sai um pouco melhor. Sua personagem é superficial, mas não por completa, existem camadas ali, existem características interessantes e Isis tenta sobrepor isso ao roteiro, que explora pouco o seu talento, ambos tem carisma e se encaixam bem nos seus esteriótipos, mas cenas de mais explosão e com mais carga dramática, Isis Valverde mostra que é mais talentosa. Gil Coelho é um bom ator, ele tem carisma, consegue permear entre o melancólico e o tristonho, mas não tem carga dramática suficiente para segurar cenas com momentos mais difíceis, fora isso, ele faz o seu dever de casa e consegue criar vínculo com o público. Alexandra Richter aparece pouco, mas quando aparece brilha em cena, assim como fez em Minha Mãe é Uma Peça., Marcos Mion apresentando já é difícil de engolir, mas atuando é pior ainda. Joaquim Lopes se mostra um canastrão de péssima categoria, construindo um antagonista morno e sem sal. O restante do elenco de apoio é bem ruim.
Infelizmente, Amor.com ficou no quase, por mais que o casal central tenha química, que Isis Valverde e Gil Coelho transbordem carisma e talento, que parte das personalidades midiáticas tenha sido bem resolvida, os diálogos mal escritos, a previsibilidade do filme inteiro, a trilha sonora ruim e a falta de personalidade na direção comprometeram por completo o resultado final do filme.
2.0/5
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