terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Review: Jogos Vorazes: A Esperança - O Final

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final

A saga adolescente mais interessante da década acaba de chegar ao fim, Jogos Vorazes conseguiu ter um bom desfecho para Katniss e para Panem, mas poderia ter sido melhor.



O filme já começa da onde A Esperança Parte 1 parou, Katniss no hospital, tratando dos ferimentos que Peeta fez em seu pescoço, o que é ótimo, se tivesse alguma introdução demorada, eu cortaria meus pulsos. Embora o filme demore um pouco para engatar, cobrindo um pouco as lacunas que seu antecessor deixou, quando pega forma, consegue ter um ritmo bom, alternando entre o suspense, o romance e as cenas de ação.

Francis Lawrence já faz parte da cultura pop, já dirigiu videoclipes da Lady Gaga, Beyoncé, Black Eyed Peas, Britney Spears, Justin Timbarlake, P!nk, Jennifer Lopez, Audioslave, Janet Jackson, Aerosmith, Whitney Houston e mais um bocado de gente famosa e competente da música. Além desses videoclipes, Francis está acostumado com filmes bem sucedidos na bilheteria, ele é o diretor de Constantine, Eu Sou a Lenda e Água para Elefantes , chega no quarto filme da saga (terceiro em seu comando) e está totalmente a vontade com o elenco e os produtores.

Francis filma muito bem as cenas de ação. A cena do esgoto é de longe a melhor do filme, a atmosfera escura, densa é ótima, Francis dá umas pausas para a gente respirar, depois de muito suspense e agonia, quando a ação acontece é muito bem executada, com vários ângulos de ataque e é um dos poucos momentos que o 3d funciona no filme. Francis faz isso praticamente o film todo, lá vai um pouco de romance, depois muito suspense e depois um pouco de ação, o filme usa isso praticamente por mais de duas horas, o que até poderia ser um ponto negativo, mas não se torna massante,

Talvez o maior defeito de Francis é não arriscar, ele executa muito bem tudo o que faz, mas não vai além do livro, ela tem um ótimo material em mãos, que poderia muito bem acrescentar vários elementos novos de ação, ou até introduzir personagens nas batalhas, fazer umas mudanças, mas ele não faz, ótimo para os fãs e não tão bom assim para o resto, mas como eu disse, ele filma muito bem as cenas de ação e dirige bem o elenco.

Embora sempre estivesse presente, o triângulo amoroso sempre foi secundário ou até terciário, Katniss sempre teve problemas muito maiores para lidar, mas nesse último filme, ele teria que se resolver de alguma forma, e não é das melhores, Katniss que sempre se mostrou superior aos dois rapazes, aqui se vê fragilizada,.

O lado político do filme também têm suas lacunas, mas se finaliza de maneira satisfatória, o final de tudo isso não foi óbvio, como muitos críticos disseram. A guerra tem um fim coerente, afinal, não estamos vendo um filme dos Vingadores, ninguém aqui têm super poderes, são pessoas reivindicando seus direitos e dando um basta as barbáries de Snow.



Durante a saga toda, sempre ficou claro que Katniss era uma garota comum, não uma heroína por natureza e sim por consequências, ela não é a escolhida (lê-se Harry Potter), ela não queria essa guerra toda, apenas queria salvar sua irmã, e depois manter o Peeta vivo, talvez seja por isso que a complexidade da personagem seja tão grande, ela é forte, mas têm suas inseguranças, seus traumas causados pelos jogos e por uma vida sofrida, ela não é uma Bela da vida que apenas tem que escolher com quem vai casar, ela têm problemas reais e graves para lidar.

Vamos ao elenco: Jennifer Lawrence é a Katniss, ela consegue lidar muito bem com a complexidade de sua personagem, com todas as nuances, assim como fez nos filmes anteriores. Lawrence mantém um nível ótimo até o fim do filme, uma de suas cenas finais é em um tom dramático tremendo e Jennifer explode (no bom sentido, óbvio). Josh Hutcherson que era apático nos dois primeiros filmes, aqui, consegue atuar (olha só, que milagre), muito bem dirigido por Francis, Josh consegue fazer um ótimo Peeta perturbado, já o Liam Hemsworth continua fazendo seu papel de galã, infelizmente ele não mostrou a que veio na saga e não consegue acompanhar o nível do resto do elenco. Com o foco na equipe de batalha da Katniss, o elenco de apoio ficou um pouco subaproveitado, mas ainda sim, Elizabeth Banks, Julianne Moore, Jena Malone e principalmente o Donald Sutherland conseguem um destaque entre tanta gente competente.



Jogos Vorazes foi feito para um nicho de público específico, os adolescentes e jovens adultos, quebra as barreiras do triângulo amoroso e fala de política, propaganda, guerra e reality show de uma maneira única, que sua concorrência não conseguiu e dificilmente conseguirá fazer algo parecido. Têm seus tropeços ao longo do caminho, principalmente no lado romântico, mas ainda sim o último filme encerra a saga de maneira positiva, com Jennifer Lawrence mostrando mais uma vez que não é superestimada.



4.0/5

71% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
65/100 no Mettacritic







quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Performances: Jennifer, Saoirse e Shailene - as melhores atrizes da nova geração

Jennifer Lawrence, Saoirse Ronan e Shailene Woodley são três das melhores atrizes jovens que estão em atividade no momento, as três se envolveram em bons projetos e sempre tem suas performances destacadas e hoje eu escolhi uma performance de cada uma para dissertar e comprovar porque essas três nos deixam felizes sobre a classe com menos de 26 anos estar tão em representada em Hollywood.

Shailene Woodley



A jovem atriz americana de 23 anos ganhou fama ao interpretar a protagonista da série A Vida Secreta de uma Adolescente Americana, exibida entre 2008 e 2013, logo começou a ser chamada para papéis maiores, sua estréia no cinema foi em 2011, com o longa aclamado pela crítica, Os Descendentes, onde foi nomeada para diversos prêmios na categoria de atriz coadjuvante, como o Globo de Ouro e o Critic Choice Awards, além de ter vencido o Independent Spirit Awards e diversos prêmios da crítica, como os de Denver, Florida e San Diego. Entrou na franquia de qualidade duvidosa, mas que arrecada milhões, Divergente e no indie bem sucedido A Culpa é das Estrelas, mas ainda faz filmes pequenos. Embora sua performance mais comentada tenha sido em Os Descendentes, escolhi a sua performance em A Culpa é das Estrelas.

A Culpa é das Estrelas

Shailene trabalha tão bem no longa teen The Fault in Our Stars que se prova ser uma das melhores atrizes jovens em Hollywood.  Ela interpreta a Hazel Grace, uma garota inteligente e sincera que tem câncer em um estado bem avançado. O filme é um drama adolescente, mas que é tratado com seriedade, dando um bom suporte para que Shailene brilhe, a sua performance tem uma carga dramática pesada e é crua, limpa, Shailene se entrega totalmente ao papel, suas cenas finais são incríveis e ela mostra que consegue segurar as pontas como protagonista e sendo destaque.

Venceu o prêmio de Breakout Performance no Hollywood Film Awards, além de ter vencido prêmios de voto popular, como Teen Choice e o MTV Movie Awards.




Jennifer Lawrence chamou muita atenção da crítica em 2010, com um filme independente chamado Inverno da Alma, dali não parou mais, fez mais dois filmes pequenos e entrou em duas franquias milionárias, Jogos Vorazes e X-men, depois firmou seu sucesso em Hollywood com as parcerias bem-sucedidas com o David O. Russel. Jennifer venceu com merecimento, diga-se de passagem, os maiores prêmios da indústria cinematográfica, incluindo 1 Oscar, 2 Globos de Ouro, 1 BAFTA, 2 SAGs, 4 Critic Choice Awards, 1 Independent Spirit Awards além de vários outros prêmios da crítica. Fiquei em dúvida se falava sobre O Lado Bom da Vida ou Inverno da Alma, mas considero Inverno da Alma a melhor performance da Jennifer.



Inverno da Alma

Jennifer interpreta a jovem Ree, uma menina destemida e corajosa, que se vê responsável pelos seus irmãos menores, sua mãe têm sérios problemas mentais e o pai é um cara que teve problemas com a lei, ele precisa comparecer à uma audiência, do contrário, a casa deles será tomada. Jennifer conseguiu fazer um excelente trabalho aqui, o papel é super difícil, ela consegue ser mulher e menina ao mesmo tempo, tem boa carga dramática e consegue fazer perfeitamente as nuances de sua personagem, que é jovem, frágil e forte ao mesmo tempo.

Jennifer foi indicada ao Oscar, ao SAG, ao Critic Choice Awards, ao Independent Spirit Awards e ao Globo de Ouro por esse papel, além de vencer vários prêmios da crítica, como os da Florida, Toronto, San Diego, Denver, Washington, entre outros.



Saoirse Ronan chegou ao estrelato cedo, foi indicada ao Oscar em 2007 e desde então, faz dois, três ou quatro filmes por ano, em sua maioria filmes independentes. A jovem atriz americana-irlandesa é uma das principais apostas para o Oscar de melhor atriz esse ano, com o aclamado Brooklyn, mas ela nem precisa se preocupar muito com prêmios, afinal, já foi indicada ao Oscar, ao Globo de Ouro, ao SAG, duas vezes ao BAFTA e já venceu o Critic Choice Awards e alguns prêmios de festivais e dá critica. Embora sua performance em Desejo e Reparação tenha sido a mais elogiada e a mais premiada, Saoirse consegue brilhar e se destacar em absolutamente tudo o que faz, Hanna, A Hospedeira, How I Live Now e Byzantium são exemplos disso, mas Saoirse brilha mesmo em Um Olhar do Paraíso e é dele que eu vou falar.



Um Olhar do Paraíso

Saoirse Ronan protagonista do drama-sobrenatural Um Olhar do Paraíso, um filme que têm muitas qualidades, fotografia linda, um elenco ótimo (com exceção do Mark Wahlberg), uma trilha maravilhosa e um roteiro bom, mas o que chama mesmo a atenção nesse filme é a performance de Saoirse. Ela interpreta a jovem Susie Salmon, que foi brutalmente assassinada e se vê entre dois mundos, ainda ligada a sua família e a vida de seu assassino, Susie não consegue se desligar de sua vida na Terra, o filme gira em torno disso. Ronan dá vida a personagem de uma maneira única, com carga dramática densa, Ronan faz um trabalho excelente, em algumas cenas finais e na cena do banheiro, mostra toda a força de sua performance.

Foi indicada ao BAFTA de melhor atriz, ao Critic Choice Awards de melhor atriz e mais alguns prêmios e venceu o Critic Choice Awards de melhor performance jovem.




Menções honrosas para Elizabeth Olsen e Emma Watson.




segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Review: Um Momento Pode Mudar Tudo

Um Momento Pode Mudar Tudo (You're Not You - 2014)

Talvez uma das experiências mais agradáveis que o cinema nos proporciona é ver um filme sem nenhuma expectativa e sair contente de uma sala de cinema (ou da sala de casa mesmo)

Um Momento Pode Mudar Tudo é um drama estadunidense que parece ser uma versão feminina de Os Intocáveis, mas mesmo com as semelhanças, o longa têm suas diferenças, os toques de comédia são menores, o filme acaba sendo mais dramático e Hilary Swank é um monstro em cena.

Kate é uma pianista e design bem sucedida, que é diagnosticada com uma doença degenerativa, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que é fatal e só piora como passar do tempo, com tudo, Kate não quer ser tratada como uma paciente comum e contrata e jovem Bec, que não tem muita noção de responsabilidade. As duas são os opostos, mas com o tempo aprendem que mesmo com suas diferenças, podem se tornar grandes amigas.



O diretor é o Gerorge C. Wolfe, ele é mais conhecido por seu extenso trabalho na Broadway, onde produziu e dirigiu diversos sucessos, entre eles, The Normal Heart, Angels in America: Perestroika e Th Wild Party. Um Momento Pode Mudar tudo é seu segundo longa e já é incrivelmente melhor que o primeiro, o fraco Noites de Tormenta.

O filme tem uma introdução péssima aos personagens, o primeiro ato é terrivelmente ruim, eu pensei que viria um enorme bomba por aí, a Bec é super exagerada, parece que fizeram questão demostrar que ela é desajeitada, sem nenhuma sutileza, mas depois dos 25 minutos e filme engata e começa a tomar um ritmo melhor. Os personagens começam a se desenvolver e nós começamos a ter apego neles, principalmente na Kate, conforme a doença vai avançando, Kate consegue cativar ainda mais, muito isso se deve a performance excelente da Hilary, claro.



O roteiro têm suas falhas, principalmente no começo do filme, depois ele começa a ficar mais redondinho e ajuda no desenvolvimento do filme. Um dos defeitos do roteiro (talvez da trama, em si) é que é previsível, uma surpresa ou outra, mas logo no começo do filme, já sabemos que rumo a história vai tomar. Os diálogos não são massantes, mas também não são enxutos, falta um pouco de síntese, mas nada prejudicial. O principal foco do roteiro é a relação da Bec com a Kate, até o Evan fica um pouco de lado, mas aos poucos vamos conhecendo melhor a história de Bec e entendendo melhor o que a levou ser tão rebelde.

A trilha é outro ponto alto do filme. é sutil, é bonita e nas cenas finais é fundamental para que o drama aconteça de forma convincente.

O elenco está ótimo, Hilary Swank trabalha como ninguém, não consigo imaginar nenhuma outra atriz que faça esse trabalho físico tão bem feito, ela faz todo um trabalho com a voz , é impecável, nas cenas de drama também mostra que não é por acaso que já tem dois Oscars em sua estante. Emmy Rossum não fica atrás como a rebelde Bec, sua performance cresce junto com o filme, nas cenas finais ela está soberba, certamente Hilary e Emmy estão melhores que algumas atrizes que foram indicadas ao Oscar em 2014/2015. Até o Josh Duhamel que não costuma estar razoável, aqui mostra um bom trabalho. O elenco secundário poderia ser mais aproveitado, principalmente Loretta Devine,que nos poucos momentos que aparece, dá um show.



You're Not You não reinventa um gênero, ele usa de elementos clichês em sua narrativa e nos remete muito ao excelente Os Intocáveis, mas ainda sim consegue ser bom, seu melodrama é bem construído e junto as as performances brilhantes de Hilary e Emmy, nos comove.

4.0/5

40% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
56/100 no Mettacriti





quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Review: A Pequena Miss Sunshine

A Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine - 2006)

A Pequena Miss Sunshine é um "dramédia" estadunidense que dá certo em todos os sentidos.

Olive é uma garotinha fofa que sonha em ser miss, ela finalmente se classifica para o concurso "A Pequena Miss Sunshine" e leva a família toda durante uma viagem maluca para chegar até o concurso. O chefe da família, Richard, vende um programa de motivação, inflando sempre as etapas para ser um vencedor, mesmo ele sendo um fracassado. Seu pai, Edwin, foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína, mas mesmo com seus defeitos, ama a neta e à treinou todos os dias para o concurso. Sheryl é a esposa de Richard, ela é uma ótima mãe de família e uma ótima esposa, mas fuma compulsivamente e esconde o vício da família. Seu irmão Frank é um homossexual frustrado, que tenta o suicídio e ate nisso fracassou. O irmão de Olive é o Dwayne, que se alistou na escola de aviação e até alcançar seu objetivo, fez voto de silêncio. Imagina todas essas pessoas atravessando o estado com uma combe precária? Pois é, confusões na certa.



A dupla de diretores Jonathan Dauton e Valerie Faris fazem uma ótima estréia na direção desse drama independente, que conquistou a crítica e o público. A direção realiza um ótimo trabalho, além de dirigir muito bem o elenco, mantém um ritmo muito bom de filme, apresenta bem os personagens e seus problemas e depois consegue ter um desenvolvimento de personagens ótimo. Também consegue acertar em cheio na escolha das câmeras, os closes são inteligentes e potencializam ainda mais as performances. A fotografia em si é bem bonita, nas cenas na estrada, quando eles saem da combe para comer, ou algo do tipo, o plano se abre e é lindo de se ver.

Nesse filme têm dois pontos que são os destaques: o elenco e o roteiro.

O roteirista também é estreante, Michael Arndt, que venceu o Oscar de roteiro original pelo excelente trabalho que realizou aqui. O roteiro é excelente, ele é objetivo, diálogos enxutos e claro, um prato cheio para o elenco dar boas performances.

A história de "a família disfuncional, cheia de problemas que se veem ali, encurralados, na obrigação de resolver suas diferenças" pode até parecer clichê, mas não é. As situações cômicas que a família vai enfrentando ao longo do filme são hilárias, as vezes pela combe precária, as vezes pelas relações conturbadas, o filme consegue se equilibrar entre a comédia e o drama, tendendo mais para o cômico.

Como eu disse, o elenco é outro ponto forte do filme, óbvio que bem sustentados por um roteiro incrível, mas mesmo assim os atores estão de parabéns.

O elenco é impecável e as melhores performances são dos dois caçulas do filme. Abigail Breslin, faz a adorável Olive, que é esperta e compreende bem os problemas familiares que existem em sua casa, Abigail além de ser carismática, mostra a força de sua atuação em uma cena com o Dwayne, onde ela dá apoio ao menino, uma coisa linda de se ver. Paul Dano faz uma performance incrível, mesmo que sem falas, ela se entrega ao papel e até merecia mais a indicação ao Oscar que o Alan Arkin recebeu. Alan faz o Edwin, um senhor usuário de heroína, machista, mas que ama sua neta, ficando mais para o lado da comédia, Alan chega a ser hilário em algumas partes. Steve Carell está em um de seus papéis mais dramáticos, bem diferente do que costumamos ver, Carell trabalha sutilmente, as emoções que seu personagem tem são passadas só com as feições. O resto do elenco entrega um bom trabalho também.

A Pequena Miss Sunshine é um exemplo clássico de um filme que dá certo, é engraçado, tem bons personagens e um roteiro incrível, sem citar aquela cena final épica.

5/5

91% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
80/100 no Mettacritic


                                                        Uma das cenas mais bonitas do filme.

domingo, 11 de outubro de 2015

Review: Que Horas Ela Volta?

Que Horas Ela Volta (2015)

Desde Cidade de Deus, um filme brasileiro não era tão elogiado na crítica internacional. Vencedor de prêmios em alguns dos maiores festivais do mundo (Sundance e Berlim) Que Horas Ela Volta? é um forte candidato a ser indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e até está cotado para vencer o prêmio.

Val é uma pernambucana que veio para São Paulo para tentar uma vida melhor, ela trabalha de empregada na casa de uma família de classe média alta. Val deixou sua filha Camila no nordeste e ficou anos sem vê-la, apenas mandando dinheiro para seus estudos. Anos depois, Camila vem para São Paulo, para prestar vestibular, causando um reboliço na vida de todos.



Regina definiu o filme em uma entrevista dizendo que ele é visto da cozinha para a sala e não dá sala para a cozinha, e mesmo que isso já tenha sido feito antes, essa definição é perfeita para o filme.

Anna Muylaert construiu uma obra-prima que é com certeza o filme de sua vida, ela é a roteirista e diretora do longa que faz críticas sociais, que mesmo feitas de maneiras sutis, causam um impacto imediato no telespectador. A verdade é que as vezes não percebemos o quanto as empregadas e babás são importantes nas nossas vidas.

O roteiro consegue fazer bem seu trabalho, o embate das classes sociais fica evidente a todo momento. A família típica de classe média alta é totalmente desunida, a relação conjugal do Carlos com a Bárbara é estranha e a relação deles com o filho é ainda pior, o que torna a família totalmente dependente da Val. A relação que a Val tem com o Fabinho é tão bonita, a construção disso tudo, é linda sabe? Fabinho sempre prefere o colo da Val em vez do colo da mãe e a cena final que os dois tem é perfeita.

A fotografia é completamente linda, é básica, mas é perfeita, são poucas cores vivas dentro da casa, o filme é todo escuro e meio denso. Quando é mostrada a sala vista da cozinha, claramente há algo ali para se observar, como Regina mesmo disse, esse filme é para ser visto com uma ótica diferente. As cores mais vivas sempre estão fora da casa e fora daquele ambiente familiar desagradável.

O ritmo do filme é ótimo, se você está acostumado com os dramas hollywoodianos, provavelmente não vai gostar, pois não tem grandes acontecimentos ou grandes soluções para os problemas aqui, é mais parecido com os dramas europeus, é algo sobre a vida como ela é, simples assim.

As performances são um show à parte, Regina Casé constrói uma Val na medida, uma nordestina forte, mas que não é aquele esteriótipo de nordestina que estamos acostumados a ver, a maioria das vezes, Val passa apenas com o olhar o que está sentindo, é delicada sabe? Regina acertou em cheio aqui. Camila Márdila também acertou em cheio em sua Jéssica desbocada e atirada, ela não se contém com seu papel na sociedade e quer sempre mais, ela é fundamental para que fique claro a diferença entre as classes sociais e sua relação com a Val é o nos deixa vidrados no filme. Karine Teles é uma (quase) antagonista aqui, faz um ótimo trabalho, Barbara é um pouco megera da metade para o final do filme, e Teles consegue retratar bem as "madames" que temos na nossa classe média afetada. Lourenlo Mutarelli faz um artista frustrado, que mesmo com dinheiro parece ser infeliz, quando seu personagem finalmente cresce e ele toma coragem, o filme chega perto do fim (coitado). Por fim temos o Michel Joelsas, que mesmo sem ter muito espaço, consegue se sair bem, na cena que ele tem uma carga dramática um pouco maior, o menino dá conta do recado.

Não espere acontecimentos grandes, Que Horas Ela Volta? é um filme sobre a relação das empregadas com seus patrões, é bem feito, sútil e um drama excepcional.

5/5

95% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
82/100 no Mettacritic












terça-feira, 6 de outubro de 2015

Review: Vai que Cola - O Filme

Vai que Cola - O Filme (2014)

As comédias brasileiras tem conquistado um enorme espaço entre o público, são acessíveis, de fácil compreensão e com rostos conhecidos no elenco.

A famosa pensão da Dona Jô foi interditada pela vigilância sanitária na mesma semana em que Valdo recupera seu apartamento no Leblon (olha que coincidência né?) e Valdo de bom grado, leva todos para seu apartamento,gerando assim um embate de realidades sociais.




O diretor é o César Rodrigues, que também dirige o seriado, não conheço muito do seu trabalho, mas os dois filmes dele que eu assisti são péssimos (Sexo, Amor e Traição e High School Musical - O Desafio), mas aqui, consegue um trabalho ainda melhor que na série. Óbvio que ele deixa o elenco bem solto, para improvisações, assim como na maioria das comédias brasileiras, mas ainda sim ele dirige todo mundo muito bem.

O roteiro é bom, achei a ideia de fazer o filme fora da pensão da Dona Jô ótima, assim dá um ar novo pro filme e cria situações inéditas para os personagens, o roteiro é totalmente despretensioso e consegue dar ao público um entretenimento que mesmo não sendo o mais inteligente do mundo, convence.

A Quebra da quarta parede é usada praticamente o tempo todo, muito mais que na série , isso deixa o público completamente envolvido com o filme, familiarizado ainda mais com aqueles personagens que a gente já conhece. Não é sempre que eu acho esse recurso necessário, mas aqui é genial, combinado com o jeito mau-humorado do Valdo, não tem como não gostar, César  realmente acertou em cheio.

O elenco é excelente, todos estão muito bem fazendo comédia, o roteiro não exigiu de ninguém nada que fosse além da comédia, pura e simples, seja nas palavras erradas de Maycon, nas caras e bocas da Jessica ou nas loucuras do Ferdinando, todos sempre brincando com os próprios defeitos físicos e suas condições sociais, mais uma qualidade de Vai Que Cola, eles não se levam a sério e com isso conseguem rir de si mesmos, todos estão em seus melhores momentos, até a Tcheca está engraçadinha, embora seja totalmente desnecessária aqui e na série.

Paulo Gustavo é o nome do Filme, por mais que o elenco de apoio seja extremamente competente, ele carrega nas costas e com maestria. sabe quando um ator chega no seu ápice? Então, Paulo nunca esteve tão engraçado, as tiradas que ele tem são hilárias, e todo o bullying que ele propaga é saudável e engraçado.

Como eu já disse anteriormente, o elenco de apoio está muito bom e o melhor coadjuvante do filme é o Marcus Majella, que consegue entrar no personagem de uma forma que não separamos o ator do Ferdinando. Samantha Schmutz usa e abusa do seu famoso carisma, ela não faz piadas escrachadas e nem tem tiradas geniais, mas suas caras e bocas são impagáveis. Cacau Protásio é outro nome que nos surge a cabeça nesse filme, acho ela bem oscilante na série, as vezes engraçada, as vezes não, mas no filme ela consegue acertar na dose do humor e se sobressai. O resto do elenco é bem competente.

Talvez um dos poucos defeitos que o filme carrega é que os novos personagens não são bem inseridos no filme, não há um desenvolvimento legal para eles, aquele final para o personagem do Oscar Magrini é deprimente.

Eu nunca pensei que iria elogiar tanto um filme nacional desse gênero, já que cada vez mais as fórmulas de comédias brasileiras estão tediosas, mas diferentemente do Minha Mãe É Uma Peça, Meu passado me Condena e Superpai, o filme tem um ritmo bom, acerta na dosagem da comédia e tem um protagonista que bota qualquer um no chão, de tanto rir.

4.5/5








terça-feira, 29 de setembro de 2015

Review: Um Senhor Estagiário

Um Senhor Estagiário (The Intern - 2015)

Tem filmes que não tem grandes pretensões, que são comédias leves, que as vezes carregam demais no romantismo ou que as vezes carregam demais no "jeito hollywoodiano" de se fazer o terceiro ato, não é o caso aqui. Um Senhor Estagiário de fato, não têm muitas pretensões, é o típico filme da Nancy Meyers, elenco de peso, ótimos personagens, mas história clichê, sem ousadia e criatividade, mas que no final, consegue um resultado positivo.

Ben é um senhor viúvo, que se aposentou a pouco tempo, mas não consegue se acostumar com a vida pacata, Ele encontra uma oportunidade de dar emoção a sua vida, quando vê um anuncio de um programa social, onde incluem pessoas da terceira idade em organizações modernas. Ben vai para a empresa de vendas pela internet de Jules, uma mulher bem sucedida e que não gosta de perder tempo. Ele é designado para trabalhar diretamente coma Jules e o filme começa a se desenrolar daí.



Nancy Meyers é a diretora    e a roteirista. Meyers não faz seu melhor trabalho, Simplesmente Complicado e Alguém Tem que Ceder são melhores, mas The Intern é claramente melhor que do que O Amor Não Tira Férias e Do Que as Mulheres Gostam.

Os filmes da Meyers têm algumas características em comum, o elenco é sempre o destaque do filme, junto com o bom desenvolvimento de personagens, mas o roteiro geralmente deixa a desejar. Falta criatividade e ousadia para a Meyers em The Intern, que mesmo tendo suas partes engraçadas, cai na mesmice a cada situação enfrentada pelos dois protagonista dos filmes. Talvez se fosse explorada de maneira aprofundada o embate das duas gerações completamente diferentes, sem todos os esteriótipos que Ben e Jules carregam, o filme seria perfeito, mas infelizmente, Nancy segue para outro caminho.

Deixando de lado um defeitinho aqui, outro ali, o filme consegue ser agradável, Nancy conduz bem o ritmo do filme, que em hora nenhuma fica massante, mesmo que sem grandes reviravoltas no roteiro, De Niro nos cativa de uma maneira, que fica impossível não querer saber o final dessa história.

O elenco é o ponto forte do filme, Robert De Niro está impagável como o "senhor estagiário", se a comédia do filme dá certo, os créditos são todos dele. Anne Hathaway segura bem as pontas como a afobada, mandona e atrapalhada Jules, tem como não lembrar da Andrea de O Diabo Veste Prada? Mas aqui, Anne tem um espaço maior, tem uma ótima carga dramática e a química com o De Niro é surpreendente. O resto do elenco está ok. Só uma observação, Rene Russo é uma ótima atriz e achei ela bem sub-aproveitada no filme.

The Intern têm seus defeitos, um roteiro raso, com alguns esteriótipos, porém é agradável, é engraçado e o De Niro carrega bem o filme e sua química com a Anne é ótima.

3.0/5

56% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
51/100 no Mettacritic





quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Primeira previsão para o Oscar 2015: Ator e Atriz

Chegamos as categorias que eu mais gosto, ator principal e atriz principal. Esse ano temos ótimos nomes na lista, resta apostar.

Lembrando que as indicações se referem as categorias de atuação.

Melhor ator

Indicações quase certas:



1. Leonardo DiCaprio - The Revenant (4 indicações e nenhuma vitória)
2. Eddie Redmayne - A Garota Dinamarquesa (1 indicação e 1 vitória)
3. Michael Fassbender - Steve Jobs (1 indicação e nenhuma vitória)
4. Michael Caine - Youth (6 indicações e 2 vitórias)
5. Tom Hanks - Ponte dos Espiões (5 indicações e 2 vitórias)

Batendo na trave:



6. Johnny Depp - Aliança do Crime (3 indicações e nenhuma vitória)
7. Matt Damon - Perdido em Marte (2 indicações e nenhuma vitória)
8. Bryan Cranston - Trumbo (nenhuma indicação)
9. Tom Hiddleston - I Saw the Light (nenhuma indicação)
10. Ian Mckellen - Mr. Holmes (2 indicações e nenhuma vitória)

Fiquem de olho:



11. Abraham Attah - Beasts of No Nation (nenhuma indicação)
12. Robert Redford - Truth (1 indicação)
13. Joseph Gordon-Levitt - A Travessia (nenhuma indicação)
14. Chiwetel Ejiofor - O Segredo do Seus Olhos (1 indicação)
15. Will Smith - Concussion (2 indicações e nenhuma vitória)

Atriz:

Indicações quase certas:



1. Carey Mulligan - Suffragette (1 indicação e nenhuma vitória)
2. Saoirse Ronan - Brooklyn (1 indicação de nenhuma vitória)
3. Brie Larson - Room (nenhuma indicação)
4. Cate Blanchett - Carol (6 indicações e 2 vitórias)
5. Jennifer Lawrence - Joy (3 indicações e 1 vitória)

Batendo na trave:



6. Emily Blunt - Sicario: Terra de Ninguém (nenhuma indicação)
7. Charlotte Rampling - 45 Years (nenhuma indicação)
8. Julianne Moore - Freeheld (5 indicações e 1 vitória)
9. Angelina Jolie - By the Sea (2 indicações e 1 vitória)
10. Marion Cotillard - Macbeth (2 indicações e 1 vitória)

Fiquem de Olho:



11. Lily Tomlin - Grandma (1 indicação e nenhuma vitória)
12. Charlize Theron - Mad Max: Estrada da Fúria (2 indicações e 1 vitória)
13. Sandra Bullock - Our Brand Is Crisis (2 indicações e 1 vitória)
14. Maggie Smith  - Lady in The Van (6 indicações e 2 vitórias)
15. Regina Casé - Que Horas Ela Volta? (Nenhuma indicação)


Primeira Previsão Para o Oscar 2015: Atriz Coadjuvante e Ator Coadjuvante

Sempre as categorias de performances são as mais comentadas do Oscar, todo mundo quer ver boas performances circulando pela Academia e é de praxe essas previsões, mas as quando o assunto é ator e atriz coadjuvante, fica difícil prever, já que são famosos por "roubar a cena".

Aqui eu vou colocar as indicações e vitórias que o ator ou atriz já tem,mas só nas categorias de atuação.

Como ainda não é certeza se a Alicia Vinklander vai como protagonista ou coadjuvante, assim como o Mark Ruffalo, a Julia Roberts e o Michael Keaton, colocarei eles nas categorias que eu acredito que eles irão entrar.

Ator Coadjuvante:

Indicações quase certas:




1. Tom Hardy - The Revenant (Nenhuma indicação)
2. Idris Elba - Beasts of No Nation (Nenhuma indicação)
3. Samuel L. Jackson - Os 8 Odiados (1 indicação e nenhuma vitória)
4. Michael Keaton - Spotlight (1 indicação e nenhuma vitória)
5. Seth Rogen - Steve Jobs (Nenhuma indicação)

Batendo na trave:


6. Benicio del Toto - Sicario: Terra de Ninguém
7. Kurt Russell - Os 8 Odiados (Nenhuma indicação)
8. Robert De Niro (7 indicações e 2 vitórias)
9. Mark Rylance - Ponde dos Espiões (Nenhuma indicação)
10. Emory Cohen - Brooklyn (Nenhuma indicação)

Fiquem de Olho:



11. Harvey Keitel - Youth (1 indicação e nenhuma vitória)
12. Jacob Tremblay - Room (Nenhuma indicação)
13. Alan Alda -Ponde dos Espiões (1 indicação e nenhuma vitória)
14. Kyle Chandler - Carol (Nenhuma indicação)
15. Paul Dano - Love & Mercy (Nenhuma indicação)

Atriz Coadjuvante:

Indicações quase certas




1. Alicia Vikander - A Garota Dinamarquesa \(Nenhuma indicação)
2. Rooney Mara - Carol (1 indicação e nenhuma vitória)
3. Kate Winslet - Steve Jobs (6 indicações e 1 vitória)
4. Julie Walters - Brooklyn (2 indicações e nenhuma vitória)
5. Jennifer Jason Leigh - Os 8 Odiados (Nenhuma indicação)

Batendo na trave:



6. Julia Roberts - O Segredo do Seus Olhos (4 indicações e 1 vitória)
7. Helena Bonham Carter - Suffragette (2 indicações e nenhuma vitória)
8. Diane Ladd - Joy (3 indicações e nenhuma vitória)
9. Jane Fonda - Youth (7 indicações e 2 vitórias )
10. Rachel McAdams - Spotlight (Nenhuma Indicação)



Fiquem de olho:



11. Jessica Chastain - Perdido em Marte (2 indicações e nenhuma vitória)
12. Joan Allen - Room (3 Indicações e nenhuma vitória)
13. Amy Ryan - Ponde dos Espiões (1 indicação e nenhuma vitória)
14. Elizabeth Olsen - I Saw the Light (Nenhuma indicação)
15. Ellen Page - Freeheld (1 indicação e nenhuma vitória)











terça-feira, 22 de setembro de 2015

Primeira Previsão para o Oscar 2015: Filme e Diretor

Chegamos ao fim do festival de Toronto, e com os festivais de Sundance, Cannes e Veneza, já podemos começar a prever quem vai chegar com força no Oscar. Farei duas previsões divididas em seis partes, três essa semana e três em Dezembro, quando começam a sair os prêmios dos críticos.

Melhor Filme:

Como o número de indicados a melhor filme variam de ano para ano, eu vou colocar 10 prováveis e mais 10 possíveis

Indicações quase certas:



1. Carol
2. Brooklyn
3. Room
4. The Revenant
5. Joy - O Segredo do Sucesso
6. Steve Jobs
7. Spolight
8. A Garota Dinamarquesa
9. Divertida Mente
10. Beasts Of No Nation



Batendo na trave:

11. Perdido em Marte
12. Sicario - Terra de Ninguém
13. Youth
14. Ponte de Espiões
15. Os 8 Odiados
16. Aliança do Crime
17. Suffragette
18. Macbeth
19. Me and Earl and My Dying Girl
20. Mad Max: Estrada da Fúria
21. O Segredo Do Seus Olhos



Na categoria de diretor, temos vários nomes que podem chegar à temporada de premiações com facilidade. Colocarei as indicações e vitórias referentes à categoria de direção (Já que muitos receberam indicações também nas categorias de roteiro original e adaptado)

Indicações Quase Certas:



1. Todd Haynes - Carol (Nenhuma indicação)
2. Alejandro Gonzáles Iñárritu - The Revenant (2 indicações e 1 vitória)
3. Tom Hooper - A Garota Dinamarquesa (1 indicação e 1 vitória)
4. David O. Russel - Joy: O Nome do Sucesso (3 indicações e Nenhuma vitória)
5. John Crowley - Brooklyn (Nenhuma indicação)

Batendo na Trave:

6. Ridley Scott - Perdido em Marte (3 indicações e nenhuma vitória)
7. Danny Boyle - Steve Jobs (1 indicação e 1 vitória)
8. Thomas McCarthy - Spotlight (Nenhuma Indicação)
9. Quentin Tarantino - Os 8 Odiados (2 indicações e nenhuma vitória)
10. Steven Spielberg - Ponte de Espiões (7 indicações e 2 vitórias)



Fiquem de olho:

11. Denis Villeneuve - Sicario: Terra de Ninguém (Nenhuma indicação)
12. George Miller -Mad Max: Estrada da Fúria (Nenhuma indicação)
13. Paolo Sorrentino - Youth (Nenhuma Indicação)
14. Cary Fukunaga - Beasts of No Nation (Nenhuma Indicação)
15. Alfonso Gomez-Rejon - Me and Earl and My Dying Girl (Nenhuma Indicação)














segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Review: A Escolha Perfeita

A Escolha Perfeita (Pitch Perfect - 2012)

A Escolha Perfeita têm qualidades e defeitos muito extremos, é uma mistura de Glee com High School Musical que dá certos em algumas partes e em outras se torna muito piegas.

Beca é uma típica adolescente revoltadinha, aspirante a DJ. Ela sonha em ir para Los Angeles para tentar se fazer lá e se vê sem saída quando é obrigada a fazer faculdade na mesma escola que seu pai leciona. Lá ela se junta ao grupo de vocal acapela The Barden Bellas e o filme se desenrola daí.



Pitch Perfect é um filme de estreantes (no cinema), a roteirista é novata e o diretor também, mas  não se iluda, vemos temas bem comuns e que foram usados bastante nos últimos anos.

O diretor é o Jason Moore e ele é estreante nas telonas, levando em consideração que é seu primeiro longa, Moore consegue um resultado levemente positivo. Como eu disse lá em cima, o problema do filme, é que ele fica no limite do legal para o piegas, e tanto as qualidades, como os defeitos do filme, são gritantes.

A escolha das canções é duvidosa, o grupo que deveria fazer todos os sons com a boca (na apresentação final, CLARAMENTE não é acapela) não faz e a falta de risco deixam a sensação de que o filme não teve o potencial que poderia, mas Moore dirige o elenco de uma forma incrível, e é o elenco que nos faz ficar,
.
Kay Cannon é a roteirista, ela é conhecida pela série 30 Rock, mas estreia nas telonas com um roteiro leve, sem pretensões e que arrisca pouco. As cenas absurdas com vômito, as tiradas da Fat Amy e o romance Crepúsculo central, mostram que Kay não está querendo nada além de entreter, e se formos olhar por esse lado, ela consegue fazer bem, o roteiro pode não ser incrível, mas é bem amarradinho.

O elenco é o ponto chave no filme, principalmente o elenco coadjuvante. Anna Kendrick faz o papel principal, ela se encaixa bem como Beca, mas quem rouba a cena são as coadjuvantes: Anna Camp e Rebel Wilson. Camp é a antagonista e está perfeita aqui já Wilson é uma garota sincera e engraçada que dá os bons momentos de humor no filme.  Elizabeth Banks e John Michael Higgins dão o ar da graça com seus comentários venenosos e afiados em todas as competições. O resto do atores estão entrosados e fazem bons papéis.

A Escolha Perfeita têm seus defeitos e não corre muitos riscos, mas levando em conta que é um filme sem pretensões e de um diretor estreante, o resultado ainda é positivo, é um entretenimento razoável.

3.0/5

81% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
64/100 no Mettacritic




quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Review: Corrente do Mal

A Corrente do Mal ( It Follows - 2015)

Os gêneros de terror e suspense têm tantos clichês e sustos manjados, que It Follows chega como um alivio repleto de elementos que tornam o filme um futuro clássico.

Jay é uma jovem bonita que começa a se apaixonar pelo seu namorado Jeff, até eles terem relações sexuais pela primeira vez, à partir daí ela é "amaldiçoada" com uma entidade que pode ter qualquer forma humana e que caminha lentamente em sua direção, independentemente do lugar em que ela esteja. Com a ajuda de seus amigos, Jay tenta desvendar os mistérios que a cerca e o filme começa a se desenrolar daí.



Parece um filme adolescente bobo né? Mas não é. Existe uma razão clara para It Follows ter sido aclamado pelos críticos, por mais que sua história não seja espetacular, há uma série de elementos que tornam o filme bom e isso se deve ao diretor e roteirista David Robert Mitchell.

David está em seu segundo longa, mas o primeiro filme do americano passou despercebido pelo público e não era um terror, era um drama, depois do sucesso de Corrente do Mal, esperamos que ele continue no gênero de terror.

David cria todo um clímax para o filme, principalmente pela trilha sonora que é excelente, a melhor trilha de um filme de terror em anos. David filma como ninguém, nos ambientes fechados, ele filma em planos fechados, causando aquela sensação de claustrofobia, nos ambientes abertos, ele filma em um plano aberto, ou abre lentamente, muito bonito de se ver. As cores são bem escolhidas, tudo sempre em tons opacos, o que deixa a fotografia com personalidade, fugindo dos esteriótipos sempre escuros do gênero.

Como eu disse lá em cima, a história não é extraordinária, dá a entender que é uma premissa de filmes de terror piegas, que mais parecem comédias bizarras, mas David transforma essa premissa em um roteiro incrível, cheio de sacadas ótimas, que mantém o suspense até o final do filme.

Por mais que pareça algo surreal (e é) David conduz os personagens com louvor, não tem esteriótipos aqui, não tem a gostosona da escola, o burro, o fortão e nem o nerd chato, têm adolescentes comuns que tentam achar uma forma de ajudar a amiga.

Maika Monroe interpreta a Jay e faz um trabalho memorável aqui, além de ter carga dramática ótima em todas as cenas que lhe foi solicitada, Monroe passa todos os medos e incertezas que Jay sente, o resto do elenco, embora desconhecidos do público, é bem dirigido e entrega um bom resultado. O elenco de apoio é bem "ok" mesmo, nenhum destaque positivo ou negativo, o filme é todo da Monroe mesmo.

Os dois primeiros atos são EXCELENTES, de verdade, todo o desfecho é impecável, o suspense está ali, a trilha sonora dá o tom certo pro filme e as cenas que as coisas acontecem, são de tirar o fôlego, mas o terceiro ato é um pouco complicado, as últimas cenas são bem fracas, embora a cena final tenha me agradado muito, poderiam ter dado um fim melhor para o filme e é só por isso que a nota não é a máxima.

4.5/5

96% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
82/100 no Mettacritic








quarta-feira, 29 de julho de 2015

Review: Cidades de Papel

Cidades de Papel (Paper Towns - 2015)

Cidades de Papel é um ótimo filme, que nos traz nostalgia, surpresas e uma boa dose de bom humor.

Q era (na infância) amigo de Margo e conforme os anos foram se passando, eles se afastaram, Margo foi se tornando uma das garotas mais populares da escola e o Q um garoto comum, que se preocupava com o estudos. Em uma bela noite, Margo invade o quarto de Q e os dois vivem uma aventura juntos (não vou dar spoilers). No dia seguinte, Margo some, deixando algumas (quase indecifráveis) pistas, então Q e seus amigos começam a seguir as pistas e tentar achar Margo. A sinopse (mal escrita, detesto fazer rs) grita MAIS UM ROMANCE PLATÔNICO CLICHÊ, mas não se engane.



Quando há um quebra total de expectativas negativas que temos sobre algum filme, a sensação é tão positiva, tão agradável, dá gosto de assistir sabe? Cidades de Papel nos cativa aos poucos, ficando mais interessante a cada minuto, isso se deve a ótima produção que o filme tem.

O diretor é praticamente desconhecido, é o Jake Schreier, que só fez dois filmes independentes que não chamaram muito a atenção dos críticos e nem do público, mas aqui realiza um bom trabalho, embora o destaque seja do roteiro e da produção do filme em si. Jake tem um ritmo excelente, as cenas são bem montadas e todo orna, o único pecado que a direção cometeu, foi não arrancar mais dos seus atores, além do elenco não ser tão bem escalado.

No roteiro temos mais uma vez a bem sucedida do Michael H. Weber e do Scott Neustadter, que já fizeram juntos o excelente 500 Dias com Ela, The Spectacular Now e drama juvenil sucesso de críticas e de público A Culpa é Das Estrelas, que também é uma adaptação de uma das obras de John Green. A dupla trabalha bem os diálogos no filme, nada muito aprofundado (não cabia aqui nada muito complexo). como o ritmo é perfeito e os personagens são interessantes, o roteiro em sua excelência é de suma importância para todo o resto funcionar bem.

O elenco não é o ponto alto do filme e nem pretende ser, Nat Wolff faz um bom papel como o protagonista, um adolescente que sai desesperadamente atrás do seu amor platônico de infância, embora seu personagem não abra espaço para ele fazer grandes coisas, ele entrega o que lhe foi proposto. Cara Delevingne, que antes de assistir o filme eu achava perfeita para o papel da Margo, que é misteriosa e interessante, no final entrega pouco, não que comprometa, mas Cara não passa muita segurança no papel, pensei em 100 atrizes que poderiam fazer a Margo de maneira muito mais interessante. O restante do elenco é ok, sem destaques positivos ou negativos, mas é de se esperar em um filme que o ponto alto não é o elenco ou as performances.

Como eu disse, Cidades de Papel não é um filme de performances, mas o roteiro é impecável, a trilha sonora é bonita, a produção é bem feita, tem um ritmo excelente e os personagens tem um desenvolvimento razoável. Ainda que não seja perfeito, ou que seja só um pouquinho inferior ao tão comparado A Culpa é das Estrelas, o resultado final é bem positivo

Uma ótima surpresa, em um "road movie", que não se trata de um romance clichê juvenil, é um filme sobre a amizade, que cheira nostalgia a todo momento, e a cena final? É épica, não consigo imaginar nada melhor para o final desse filme, deixou um belo gostinho de quero mais.

4.3/5


56% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
57/100 no Mettacritic











segunda-feira, 20 de julho de 2015

Review: Um Santo Vizinho

Um Santo Vizinho (St. Vincent - 2014)

Um Santo Vizinho é um "dramédia" na medida, com tudo funcionando bem, tem ótimas performances, um roteiro afiado e uma direção de um estreante que não deixa nada a desejar.

Maggie acaba de sair de um casamento mal sucedido e se muda com seu filho, logo de cara, conhece Vincent, um senhor mal educado e egoísta, que é um vizinho nada agradável, mas que vive duro e aceita ser babá de Oliver e o filme começa a se desenrolar daí.



Um "dramédia" é tão difícil de ser feito, por mais que pareça fácil, não é, mesmo sendo o mais realista possível, tem que ser tudo na medida, tem que ter um desenvolvimento de personagens eficaz, piadas que tenham graça e que tenham um time correto e principalmente, a gente precisa ter um apego aos personagens e St Vincent consegue tudo isso.

O diretor e roteirista é o Theodore Melfi e pasmem, esse é o primeiro longa dele e consegue um ótimo resultado. O elenco é muito bem dirigido, Melfi filma de um jeito bonito, alinhado, bem enquadrado. O roteiro é excelente, piadas nos momentos certos, deixando o filme engraçado sem ser caricato sabe? Melfi é um gênio quando se trata de desenvolvimento de personagens, conseguimos nos apegar a todos eles de maneira única, envolvidos por ótimas performances e pelo roteiro afiado.

Bill Murray protagoniza o filme ao lado de Jaeden Lieberher e ambos estão excelentes. Murray consegue ir do cômico ao dramático sem muita dificuldade, ele encarna bem seu personagem e nos faz pensar que ninguém daria vida ao papel como tanta competência, sua performance mescla o humor com o drama, e na parte final, o que ele faz fisicamente é incrível. O garoto Lierberher por sí só já é engraçado, magricela, inocente e totalmente perdido em sua nova escola, o típico garoto nerd na pré adolescência, e nas cenas finais do filme, mostra que se continuar nesse caminho, será um excelente ator quando crescer. As coadjuvantes são Naomi Watts e Melissa McCarthy e ambas estão incríveis, Melissa saiu muito da sua zona de conforto e faz um papel sério, em algumas cenas ela se entrega completamente ao drama e nos binda com uma performance extremamente boa. Naomi está hilária, uma veia cômica inegável, sua indicação de melhor atriz coadjuvante no SAG foi merecidíssma. O elenco todo está impecável.

Um Santo Vizinho é um filme carregado com piadas sacanas, com um ótimo desenvolvimento de personagens e se firma como um dos melhores filmes de 2014. assistam, vale muito a pena..

4.5/5

77% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
68/100 no Mettacritic




sexta-feira, 17 de julho de 2015

Review: Para Sempre Alice

Para Sempre Alice (Still Alice -2014)

Still Alice é um bom drama, com uma performance excelente da Julianne Moore, um bom roteiro, uma fotografia impecável, mas é um filme que arrisca pouco e não chega a surpreender.

Alice Howland é uma renomada professora linguística, que está no ápice de sua bem sucedida carreira, Com o passar do tempo, Alice vai se esquecendo de pequenas coisas, palavras, uma receita antiga e entre outras coisas, até que procura auxílio médico e é diagnosticada com Alzheimer precocemente, com apenas 50 anos, o que coloca em cheque tudo o que havia construído em sua carreira.



O filme têm dois diretores, Richard Glatzer e Wash West, que também são roteiristas, e como eu disse lá em cima, não arriscam muito, mas fazem bem feito o que se propuseram a fazer. O roteiro é bem escrito, a cena do discurso, ou o diálogo da Alice com sua filha mais nova, sobre como é ter essa doença, são muito bem feitas, e os dois dirigem todo o elenco muito bem. Talvez se o drama excessivo fosse um pouquinho só menor no filme, ou tivesse algumas cenas mais felizes, retratando os momentos bons, o filme seria perfeito, mas eles apostam no drama pesado que a Alice está passando e deixam um pouco das cenas menos melancólicas de lado.

A fotografia é bonita, eles filmam muito bem, de maneira sutil, simples, em uma cena que a Alice está com seu marido na praia, você enche os olhos, a cena é filmada de uma maneira linda, com um plano de fundo impecável. A trilha sonora é funcional e a edição é bem feita.

Julianne Moore é o nome do filme, ela retrata a deterioração da doença de uma maneira incrível, as poucas explosões que a personagem tem são bem executadas, mas Moore arrasa nos momentos mais melancólicos, sem fala, fazia tempo que eu não via uma personagem tão real, não há essa coisa de um ator fazendo um papel de um doente, não! É a Alice ali e nesse sentido, Moore é perfeita. o elenco de coadjuvantes é bom também, principalmente o Alec Baldwin, que está ótimo no papel do marido de Alice, já Kristen Stewart, que todos estavam elogiando, continua a mesma "sem expressão" facial de sempre, mas agora se envolvendo em filmes de qualidade, o que já é um ponto positivo pra moça, o resto do elenco é bom.

Para Sempre Alice não veio com propostas novas, nem tão pouco fazer coisas chocantes, mas cumpre bem seu papel, dentro de suas propostas, com uma atuação perfeita e um filme bonito, que retrata com realismo o literalmente MAL de Alzheimer.

4.0/5

89% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
75/100 no Mettacritic





segunda-feira, 18 de maio de 2015

Review: Mad Max: Estrada da Fúria

Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)

Esqueçam tudo sobre ação que vocês viram antes, Mad Max é alucinante, dilacerante e simplesmente acima do excelente.




George Miller é o diretor, chamem de diretor, gênio, idealizador ou qualquer adjetivo que seja mais que bom, cara, tudo está em perfeita sincronia, ele deixa sua marca, com toda sua loucura, quase sendo um Tarantino do gênero de ação, o que é o quase trio elétrico com a guitarra e os tambores? É insano. O orçamento foi gigantesco, e pasmem, ele está todo em tela, o filme é visualmente incrível, as cenas no deserto, as perseguições, as cenas com sinalizadores, são todas impecáveis, não é aquele filme gravado em tela verde não, é tudo muito bem feito e por isso demorou tanto tempo para ser feito, a fotografia é impecável, do começo ao fim, impecável. Os efeitos sonoros são de morrer ( no bom sentido), a trilha está perfeita e muito do que o filme causa, no sentido de prender mesmo do começo ao fim, se deve a ela. O Miller é tão foda, que além de diretor, ele é um dos roteiristas e produtores.

O roteiro é básico,  o filme tem poucos diálogos, o que é bem assertivo, já que sobra espaço de sobra para as cenas de ação. Nada de muita explicação aqui, ou tiradas de bom-humor em momentos desnecessários (Vingadores feelings), tudo está muito bem amarrado.

A escolha de Miller, em focar mais na Furiosa, é muito bem pensada, o filme é praticamente dominado pelas mulheres e isso é só mais um ponto positivo para o diretor.

O elenco está bom, embora não seja um filme de performance, Charlize Theron é a que mais se destaca, de longe, o filme é dela, ela é densa, mas sem deixar seu lado humano de lado, e Charlize consegue fazer isso muito bem mesmo, ela literalmente engole o Tom Hardy, que embora já tenha feito bons papéis (Locke e Bronson), não consegue se impor muito bem aqui, não compromete, mas passa longe de entregar um bom trabalho. Nicholas Hoult está ótimo, nos faz ir do ódio ao amor em 2 segundos e embora seu personagem ajude muito, o ator não decepciona. Hugh Keays-Byrne deu um ótimo vilão também, não muito caricato, não muito apagado, na medida.

Com uma trilha-sonora excelente, uma fotografia impecável, cenas de ação de tirar o fôlego, gerando um resultado final perfeito, George Miller se firma como o melhor diretor do gênero, deixando todos os outros filmes de ação (incluindo Marvel e cia) comendo poeira.

5/5








terça-feira, 12 de maio de 2015

Review: Entre Abelhas

Entre Abelhas - 2015

O cinema brasileiro vem crescendo muito nessa década e embora as comédias estejam cada vez mais sonolentas e previsíveis, estão saindo filmes maravilhosos (O Lobo Atrás da Porta, O Abismo Prateado e Jogo de Xadrez são provas vivas disso) e os dramas vem ganhando espaço, mas não se engane, Entre Abelhas não é um drama, não chega nem a ser aqueles "dramédias" realistas, é uma comédia sobre um drama pessoal

Bruno é um editor de imagens que está passando por um doloroso divórcio, com o passar dos dias, ele começa a tropeçar no vento, ver objetos se deslocando sozinhos, ônibus parando para ninguém descer e motoristas de táxis que simplesmente somem com o carro em movimento, ao captar esses sinais, Bruno percebe que as pessoas estão começando a desaparecer,mas só ele não consegue enxergar. com a ajuda de sua mãe ele tenta descobrir o que está havendo

.

Ian SBF é o diretor, um gênio da comédia, consegue deixar sua marca aqui. O filme tem um ritmo bom nos dois primeiros atos, mas Ian consegue botar tudo a perder no terceiro ato, o desenvolvimento ficou muito prejudicado e o final acaba deixando algumas pontas soltas, e a edição não colabora também, os cortes secos são de chorar. A fotografia é muito bonita, principalmente nos momentos sem fala, ou quando o Bruno está na multidão e mesmo assim se sente só, é de uma sutileza incrível.

O roteiro é do Fábio Porchat e do Ian e é um roteiro bom até a metade do filme  depois começa a decair um pouco, com certeza, se tivesse levado a história mais para o drama, teriam tido um resultado melhor, o excesso de piadas sem graça incomoda, mas as vezes elas são assertivas. Como eu disse lá em cima, eles acertam no ritmo em mais da metade do filme, mas o final deixa a desejar, talvez uns 10 minutos a mais não matariam ninguém. A história por si só acaba sendo mais forte que as performances, o drama do protagonista é sentido com a passar do tempo, quando ele percebe que não só desconhecidos estão sumindo, seus amigos também, parece que Bruno se afunda mais e mais em uma depressão profunda e isso, é sentido na nossa pele.

Fábio Porchat é o protagonista e ele não está ruim, na verdade, em algumas cenas ele consegue se sobressair, mas ainda falta carga dramática ao ator, nas cenas de comédia ele acerta muito, mas em muitas vezes que precisava um toque mais dramático ou até melancólico, Fábio decepcionava. Irene Ravache faz a mãe do Fábio e cumpre bem seu papel. Marcos Veras é o amigo do Fábio também cumpre bem seu papel, que é sua zona de conforto (comédia). O elenco todo é linear, o único que arrisca mesmo é o Porchat e o resultado poderia mesmo ter sido melhor

É ótimo ver um filme arriscado, mesmo que não tenha sido concluído de uma forma adequada e mesmo com vários erros primários em sua edição e no seu roteiro, é muito bom ver um filme brasileiro que tenta arriscar um pouco mais, entrando em um drama pessoal, com várias metáforas que ficam no ar, mas seria melhor ainda se o filme tivesse sido de fato, bom.

2.0/5


terça-feira, 14 de abril de 2015

Reeviw: Minha Mãe é uma Peça

Minha Mãe é uma Peça - 2013

Eu sempre defini Minha Mãe é uma Peça como um quadro bem sucedido do Zorra Total, e acreditem, isso não é um elogio.

Dona Hermínia é uma típica a tradicional mãe brasileira, desbocada, grossa, mas que ama seus filhos e os coloca sempre acima de qualquer outra coisa ou pessoa, mas como a maioria dos filhos adolescentes, eles não reconhecem isso, e Dona Hermínia resolve passar uns dias na casa de uma tia, para ver se os filhos começam a valorizar mais seus esforços maternos. E daí pra frente o filme começa a desenrolar.



O filme tem pontos altos e baixos, fortes e fracos, mas em um geral é fraco.

Adaptado de um sucesso dos palcos, Paulo Gustavo e Fil Braz são responsáveis pelo roteiro, que embora até consiga arrancar uma ou outra risada, é bem raso, bem raso mesmo e quando eu falei sobre ser um "quadro bem sucedido do Zorra Total" era sobre o roteiro que eu me referia. A identificação imediata que fazemos com as personagens é inegável, afinal, eles são reais, Dona Hermínia é a personificação da maioria das mães e Paulo Gustavo faz bem isso, mas poderiam ter feito um roteiro de verdade sabe? Não essa sucessão de acontecimentos aleatórios, com direito a flashback e tudo mais.

Paulo Gustavo faz um bom trabalho como ator, ele é o que dá certo no filme, mesmo que não seja linear, sua performance não deixa a desejar. O resto do elenco é esquecível, Ingrid Guimarães está mais caricata e forçada que o costume e suas cenas são os momentos "vergonha alheia" do filme.

Talvez se tivesse tido menos piadas repetitivas, talvez com um roteiro mais estruturado e um elenco mais competente, Minha Mãe é uma Peça seria um marco na comédia nacional, pois com certeza deu muito certo com o público, mas de verdade? Faltou muito, muito mesmo para ser um bom filme.

2.0/5





terça-feira, 31 de março de 2015

Review: Se Eu Ficar

Se Eu Ficar (If I Stay - 2014)

Acho ótimo quando trailers revelam o mínimo possível sobre o filme, eu detesto spoilers, é totalmente prejudicial para qualquer cinéfilo, aí vem o trailer de Se Eu Ficar e revela quase tudo o que podia sobre o filme. (Não postarei aqui por isso)

Mia é uma garota tímida e talentosa, que toca violoncelo, ela tem pais super descolados, ex roqueiros e que dão apoio total as escolas da filha, no colégio ela acaba se apaixonando por Adam, um garoto popular e que toca numa banda adolescente em ascensão. Até aí, parece ir tudo bem, mas a família de Mia sofre um acidente, e ela se vê em coma, entre a vida e a morte, e à partir daí o filme começa a se desenrolar.

Embora o filme caia em alguns clichês nas partes de romance, o que é quase inevitável quando se trata de um filme para adolescentes, ainda tem um saldo positivo, gosto dos flashsbacks, acho que a narrativa é correta, tudo é visto por Mia, que está em coma, é algo seríssimo, denso, que mesmo que seja tratado com leveza, ainda sim é pesado.

O roteiro é bom, os alívios vem com os pais de Mia, as tiradas dos dois são ótimas, as referências de rock e de música clássica também são convincentes, ainda que algumas esse romance adolescente seja batido, o relacionamento de Mia com a família se torna interessante, e os desfechos principais do filme te prendem bem.

As sequências do último ato são bem feitas, a cena com o avô de Mia são a cereja do bolo, se o filme estava tendo um resultado médio até ali, naquela cena percebemos o quão difícil é lidar com acidentes desse nível, e o quão sério é tudo o que está acontecendo ali, considero essa a melhor cena do filme, junto com uma outra que eu não posso dizer (spoiler) mas que corta o coração de qualquer um e que a Chloe consegue fazer bem.

Chloe Grace Moretz tem uma performance instável, algumas cenas ela faz bem, outras falta carga dramática, penso que Saoirse Ronan teria feito tão melhor esse papel (Já que em Um Olhar do Paraíso la arregaça). Jamie Blackley é fraco, embora seja esforçado, falta carisma, falta drama, falta tudo. Mireille Enos e Joshua Leonard (que fazem os pais de Mia) cumprem bem os papeis, dão o toque de com´dia que o filme precisa. Stacy Kach aparece pouquíssimo, mas emociona e se a melhor cena do filme é impecável, deve-se a ele.

O diretor tenta nos fazer engolir a seco o romance quase que fajuto dos protagonistas, no qual a química é inexistente, mas não rola, já que o envolvimento da Mia com a família e com a amiga são muito mais interessantes, ainda que a performance da protagonista seja frágil, o filme melhora depois da metade e termina com um saldo positivo.

3.0/5

38% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
46/100 no Mettacritic




sexta-feira, 13 de março de 2015

Review: Superpai

Review: Superpai (2015)

Eu acho engraçado como filmes ruins conseguem agradar tanto o público, as comédias nacionais quase nunca são de fato boas (o Casamento de Romeu e Julieta é uma exceção), mas Superpai consegue ser de longe, uma das piores que eu já vi.

Diogo é um adulto e pai de família (risos), mas parece um adolescente de 40 anos, ele fica todo eufórico porque terá uma festa de reencontro do pessoal do colégio e finalmente vai poder pegar a gostosona Patricia, já que quando era mais novo, teve a oportunidade de tirar a virgindade dela e não tirou (pasmem, ele é casado e fala em comer a Patricia como se fosse algo normal), nesse meio tempo, sua sogra fica doente e Diogo tem que ficar com o filho, já que sua esposa foi cuidar da mãe. Diogo acha um creche noturna, mas na hora de buscar seu filho, ele percebe que pegou a criança errada e à partir daí, todas as situações clichês que já vimos em Se Beber Não Casa e Superbad começam a acontecer.



Pedro Amorim é o diretor, ele tinha feito um bom trabalho em Mato Sem Cachorro, mas aqui a situação é diferente, enquanto o outro filme era uma comédia-romântica com dois dos maiores atores de suas gerações (Leandra Leal e Bruno Gagliasso), aqui temos o apático Danton Mello, e todo o lado romântico deu espaço para um humor negro que não funcionou.

Pedro consegue acertar nas cenas do carro, são bem filmadas e até conseguem arrancar um sorriso de vez em quando, ele também acerta nas cenas com a esposa do Diogo, Monica Iozzi que consegue fazer na medida em sua personagem, a carga dramática é bem aplicada, ela está muito bem mesmo no papel.

O roteiro é fraquíssimo, nem o elenco de apoio repleto de humoristas conseguiu salvar, lembro de ter rido uma ou das vezes com a Dani Calabresa e só. Os personagens não tem introdução nenhuma, eles só estão ali, não se sabe absolutamente nada sobre eles, ou o que levam eles a ser assim, eles só são. O que incomoda mesmo, é essa necessidade de querer parecer com alguma comédia estadunidense. não é legal, não é funcional e não é aplicável para o filme. A cada situação nova que Diogo e os três amigos se colocam, é uma tortura (isso porque o filme é curto). Além de ser fraco, o roteiro é cheio de lacunas e situações que são impossíveis de acontecer, piadas manjadas sobre orientais, humor negro (que eu adoro) que não foi funcional para o filme, enfim, uma sucessão de erros, que os acertos que o filme tem não conseguem camuflar as lambanças.

Danton Mello não é um mau ator, mas passa longe do que se esperava, além de não ter uma veia cômica (talvez seja por isso que o elenco de apoio só tem humoristas), ele não convence, seu personagem também não ajuda viu. Monica Iozzi faz um bom papel, mas aparece pouco, quando aparece rouba a cena e isso é ótimo, emprega bem sua carga dramática e traz um pouco de realidade para essa comédia fantasiosa e sem nexo. E restante do elenco está ok, ninguém destoa, mas ninguém se destaca.

Para concluir, vou usar uma frase do Roberto Justus que eu adoro, o que define o filme é uma SUCESSÃO DE LAMBANÇAS! Tudo muito mal manjado e mal escrito, ainda que as cenas no carro sejam bem feitas, todo o resto é esquecível, conseguiu ser pior do que Minha Mãe é Uma Peça e eu achei que seria bem difícil alguém superar isso.

0.5/5