Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe (The Meyerowitz Stories - 2017)
Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é um artista arrogante e resmungão, ele recebe a visita dos filhos Matthew (Ben Stiller), Danny (Adam Sandler) e Jean (Elizabeth Marvel) para que eles vejam a exposição que uma faculdade vai fazer sobre seu trabalho. Com a família inteira reunida, os conflitos surgem e vários traumas do passado são passados a limpo.
Dirigido e roteirizado por Noah Baumbach, o roteiro é o principal ponto positivo do filme, ele é dinâmico, rápido, consegue se aprofundar bem nos temas escolhidos e nas histórias dos personagens sem ser massante. O desenvolvimento narrativo ocorre em capítulos, dedicados a dar mais foco em um personagem, mas nunca se perde o fio da meada, a atenção principal é na família Meyerowitz. Ele abrange vários temas diferentes causando identificação imediata com algumas das histórias. O humor irônico pode te remeter a alguns filmes do Woody Allen, mas não se engane, Noah deixa sua marca registrada e ainda que faça filmes peculiares, deixa um legado próprio para o cinema contemporâneo.
A relação familiar é muito bem tratada pelo roteiro, várias facetas da paternidade são mostradas de diferentes formas. O pai que elege um filho como preferido e deixa os outros de lado, outro que zela muito pela filha e não aceita a independência e a maturidade que ela adquire e o pai que não está presente e tenta manter uma relação virtual com o filho. Até a relação com as madrastas são assertivas, embora pinceladas rapidamente sem muito aprofundamento. Além disso, Noah consegue transmitir verdades nas visões dos filhos, todo mundo ali tem que lidar com frustrações da vida adulta e entender que os pais também erram e que esses erros causam marcas permanentes.
A edição oscila um pouco, as vezes parece confusa ao cruzar as histórias, não digo isso nem pelos cortes secos, que são propositais, mas as transições realmente ficaram estranhas e ela era essencial aqui, pensem em Animais Noturnos ou Dunkirk, que são recentes e um pouco mais complexos, nos dois casos, a edição foi fundamental para as transições de uma história para outra, em Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe a edição deixa um pouco a desejar.
Chegamos o outro ponto essencial de Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe, o elenco. Embora tenha sido bem escalado e bem dirigido, parte do elenco é desperdiçado com poucas cenas, mas todo mundo está super bem em seus papéis, vou só destacar três performances que se sobressaíram dentro desse elenco ótimo. Dustin Hoffman que está hilário, Adam Sandler que está incrivelmente bem e Grace Van Patten (que faz a ilha do personagem do Adam Sandler) que consegue passar uma verdade absurda nos momentos dramáticos, além de ter uma química ótima com o Adam Sandler.
Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe contém um roteiro único, cheio de reflexões, críticas e ironias, mas que não se superestima em nenhum momento, embora eu deteste essa frase, por soar elitista, ela cabe bem aqui "não é um filme para todo mundo", pode até não ser, mas é impossível você assistir e não reconhecer sua família nele.
4.5/5
93% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
79/100 no Mettacriric
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