Aniquilação (Annihilation- 2018)
Existem filmes que assistimos em um dia e no outro dia, nos esquecemos dos acontecimentos, por serem clichês e não trazerem reflexão nenhuma. Por outro lado, existem filmes que assistimos e ficamos com ele na cabeça o resto da semana. Felizmente Aniquilação é um desses filmes que coloca a gente para pensar em inúmeras possibilidades sobre a própria história do filme e sobre a existência humana.
A história se passa em dois tempos diferentes, além de ter flash-backs da vida de Lena (Natalie Portman), uma bióloga e ex-militar, que decide participar de uma missão secreta na Área X, uma área isolada, que parece aniquilar tudo que ali pertence. Seu marido (Oscar Isaac) havia participado da mesma missão há 1 ano atrás e isso motivou Lena a tentar descobrir o que existe na Área X.
Alex Garland (Ex Machina: Instinto Artificial) já pode ser considerado o principal nome atual da ficção científica (embora A Chegada ainda seja o melhor sci-fi dos últimos anos). O seu trabalho como diretor e roteirista é impecável. Seus roteiros tem uma característica de pessimismo que já é sua marca principal e aqui, ele dá uma amenizada nisso, sem deixar a qualidade dos diálogos e da história caírem. A história é completamente envolvente, desde o começo há uma empatia grande com a protagonista e os mistérios que envolvem a vida com o seu marido e logo depois, com a sua sobrevivência dentro da zona de quarentena.
Algumas pontas ficam soltas e não é um filme fácil de entender, mas se você acompanhar bem e prestar atenção nos detalhes, não vai se perder. Ele não é auto explicativo (Ninguém merece os filmes do Nolan tentando ser mais complexos ao se auto explicarem de 5 em 5 minutos), mas a história é tão intrigante, que não tem como sair daquele Universo.
Paciência é uma palavra-chave para acompanhar Aniquilação, já que o diretor opta por várias cenas mais lentas, principalmente em partes que não são relevantes para a trama, mas a atmosfera que ele cria é perfeita para que a gente não saia da história. O clímax que é criado através da trilha sonora é quase enlouquecedor, o uso dos sintetizadores segundos que antecedem a ação geram uma apreensão e o roteiro é tão envolvente, que a lentidão não incomoda em hora nenhuma.
Os efeitos especiais oscilam um pouco, quando eles mostram a área de quarentena de longe, há um mau tratamento de CGI que incomoda, mas quando elas entram dentro da floresta e quando aparecem algumas criaturas, há um trabalho impecável na parte visual.
Vai ser um pouco difícil falar das atuações sem dar spoilers, mas vamos lá. Natalie Portman é capaz de carregar o filme nas costas, já que sua personagem é a única que tem um desenvolvimento descente. Lena passa por várias fases e ela consegue ser excelente em todas. No primeiro ato, ela entrega uma performance mais dramática, já durante o filme ela entrega trabalho crível quando reage as anomalias que existem dentro da Área X e uma inexpressão proposital ao dar os depoimentos. As mudanças que sua personagem sofre ao longo do filme ficam claras graças ao excelente trabalho de Portman. Jennifer Jason Leigh consegue ter um destaque e faz uma personagem com traços de amargura. Oscar Isaac não tem muito espaço, mas consegue ir bem em todas as cenas que aparece. Gina Rodriguez está bem exagerada e por mais que sua personagem não se desenvolva, ela não consegue convencer como durona.
Aniquilação é um sci-fi que mistura elementos do terror e do suspense brilhantemente, que deixa gancho para uma sequência sem deixar tudo em aberto, mas acima de tudo, é um filme reflexivo, ousado e que merece todo o reconhecimento das premiações de cinema.
4.5/10
87% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
79/100 no Mettacritic
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