quarta-feira, 12 de março de 2014

Review: Como Não Perder Essa Mulher

Como Não Perder Essa Mulher (Don Jon - 2013)

Don Jon (Me recuso a usar esse título podre que """"traduziram""" no Brasil) é um filme bem fora do convencional, que marca uma boa estréia de um jovem diretor, que conta com atores ótimos, em uma história crua e realista.

Jon é viciado em pornô, é o típico cara que tem bom coração, mesmo sendo pervertido, ele sai com uma garota nova toda semana, mas as coisas começam a mudar quando ele se apaixona pela encantadora Barbara e com o passar do tempo, o filme vai mostrando o ponto de vista masculino de uma relação um pouco mais séria.

Embora o filme seja um pouco baixo, com uma linguagem suja e bastante cenas quentes, isso é bem explorado aqui, ao contrário de American Pie ou Show de Vizinha, por exemplo. Isso deve-se ao roteiro bem escrito ,pelo estrante diretor e roteirista Joseph Gordon-Levitt, que fez tudo isso além de atuar como protagonista.

O tema de pornografia, relacionamentos complicado se tudo mais, foi totalmente feito de uma visão masculina e realista, do começo ao fim, talvez por isso o filme soe tão original, passa longe do previsível, conta com reviravoltas ótimas, que faz você refletir um pouco sobre o que é um relacionamento moderno.

Joseph Gordon-Levitt realiza uma boa direção, afinal, é sua estréia, mas poderia ter deixado o filme um pouco menos cru, mas ainda sim consegue preencher bem pequenas lacunas em seu roteiro, já algumas vezes o filme começou a ficar maçante, mas logo começou a esquentar.

O elenco está bem afiado, Joseph faz um bom trabalho como protagonista, Scarlett se encaixa perfeitamente com a personagem e Julianne Moore, mais uma vez, faz um trabalho consistente, mesmo com pouco tempo em cena.

Don Jon veio como quem não quer nada, sem muita pretensão, mas alcançou seu objetivo de uma forma eficaz, sendo uma versão mais quente e até mesmo mais realista do que 500 Dias com Ela, que já era muito bom.

4.5/5




sexta-feira, 7 de março de 2014

Review: Sem Escalas

Sem Escalas (Non-Stop - 2014)

Sem escalas é um filme pouco ambicioso, com alguns clichês, mas que graças ao diretor inteligente e a um protagonista funcional, consegue sair bem melhor do que o esperado.

Bill é um policial especialista em segurança aérea, que bebe e fuma, além de ter problemas que envolvem seu passado misterioso, típico policial protagonista de filme de ação barato, a diferença, é que aqui, ele é novamente dirigido pelo Jaume  e o filme não é barato. A história começa com Bill, entrando em avião cheio de gentes suspeita e macabra e posteriormente, um assassino (a) começa a ameaçar Bill pelo celular, dizendo que se não houver um depósito bem gordo em uma determinada conta, ele matará um passageiro de 20 em 20 minutos e aí história começa a se desenvolver daí.

O filme é uma mistura de suspense com ação, que eu particularmente não gosto muito,mas que aqui funcionou muito bem, embora tenha rupturas em seu roteiro, principalmente nas cenas finais, o diretor contorna bem os clichês do gênero, movido pelo suspense que é bem construído até o final.

Jaume Collet-Serra, famoso diretor que criou clássicos contemporâneos, como A Casa de Cera e a A Órfã, consegue construir seu melhor suspense, é agonizante, as cenas de ação também são bem feitas, Jaume já trabalhou com Liam, então, não foi desafio nenhum tê-lo novamente como protagonista absoluto, pensando pelo lado que o filme todo se passa em um único cenário, dá pra ter uma noção do quanto o roteiro, mesmo com suas falhas, conseguiu ser bom o suficiente para não deixar cair no tédio, ou ficar estendido demais, igual ao recente Capitão Philips.

Embora não seja um filme de performances, Liam Neeson está convincente no papel principal, Julianne Moore e Michelle Dockery, ambas coadjuvantes, estão bem também, detalhe para a Lupita Nyong'o , vencedora do Oscar de coadjuvante esse ano, que faz um papel de figurante no filme.

Quando vamos analisar o gênero de suspense, não adianta o filme ter os melhores atores do mundo, com o melhor diretor, um roteiro cheio de sátiras ou frases filosóficas e uma série de outros fatores técnicos, sem fazer o principal, que é de fato o suspense. A verdade é que depois dos primeiros 15 minutos, eu não consegui prestar mais atenção em nada, me desliguei do mundo, vivi intensamente o filme, que mesmo com os clichês e umas falhas nas cenas finais, consegue prender o público de maneira acima da média.

4.4/5







quinta-feira, 6 de março de 2014

Review: Ela

Ela (Her - 2014)

Vencedor do Oscar de melhor roteiro original e indicado em mais quatro categorias, Her, que foi lançado ano passado no EUA, viria como um dos candidatos a melhor filme do ano e embora tenha muitos pontos positivos a seu favor, ainda sim, deixou um pouco de decepção no ar. Talvez, eu que criei expectativa em excesso, já que tinha certeza que daria nota máxima mesmo antes de ver, contudo, ainda é um filme bem acima da média e a decepção a qual me refiro, é muito mais da minha expectativa do que o filme mostra como qualidades técnicas. 

Dando a entender que se passa em um "futuro" não tão distante, a história começa quando Theodore, um escritor solitário que está passando pelas dificuldades do divórcio, compra um sistema de computador moderno e acaba se apaixonando pela voz desse sistema e todo o filme gira em torno desse relacionamento irreal.

A ideia é difícil de ser aceita e no começo, não convence, mas o roteiro amadurece com o passar dos minutos e movido por performances ótimas, o filme acaba se tornando uma obra prima.

Spike Jonze realiza uma direção afiada, beirando ao impecável, trata o seu filme de maneira delicada e tocante. O roteiro está bem escrito, com momentos de comédia e com o drama na medida, mas que se estende demais, faltou ritmo, talvez uns 25 minutos a menos cairia muito bem. A trilha sonora é ótima, a fotografia também, a impressão que dá, é que o filme foi feito com zelo e carinho ao extremo.

Joaquin Phoenix mostra um belo trabalho, cabível entre os cinco melhores atores do ano, com sua performance tocante e convincente, mas o destaque vai todo para Scarlett Johansson, que fez uma performance baseada só na voz de Samantha, transbordando toda a emoção necessária, passando todos os sentimentos e sua personagem, que no mínimo, merecia indicação ao Oscar. O resto do elenco de apoio está na média.

O filme nada mais é, do que uma reflexão contemporânea de todo e qualquer relacionamento, ainda que Jonze o torna inovador, o filme não é tão complexo assim, mas faz além da sua obrigação, mesmo que te leve para uma viagem do que é real e do que não é, ainda sim é um dos filmes mais tocantes e um dos melhores romances desse século.

4.5/5