quarta-feira, 29 de julho de 2015

Review: Cidades de Papel

Cidades de Papel (Paper Towns - 2015)

Cidades de Papel é um ótimo filme, que nos traz nostalgia, surpresas e uma boa dose de bom humor.

Q era (na infância) amigo de Margo e conforme os anos foram se passando, eles se afastaram, Margo foi se tornando uma das garotas mais populares da escola e o Q um garoto comum, que se preocupava com o estudos. Em uma bela noite, Margo invade o quarto de Q e os dois vivem uma aventura juntos (não vou dar spoilers). No dia seguinte, Margo some, deixando algumas (quase indecifráveis) pistas, então Q e seus amigos começam a seguir as pistas e tentar achar Margo. A sinopse (mal escrita, detesto fazer rs) grita MAIS UM ROMANCE PLATÔNICO CLICHÊ, mas não se engane.



Quando há um quebra total de expectativas negativas que temos sobre algum filme, a sensação é tão positiva, tão agradável, dá gosto de assistir sabe? Cidades de Papel nos cativa aos poucos, ficando mais interessante a cada minuto, isso se deve a ótima produção que o filme tem.

O diretor é praticamente desconhecido, é o Jake Schreier, que só fez dois filmes independentes que não chamaram muito a atenção dos críticos e nem do público, mas aqui realiza um bom trabalho, embora o destaque seja do roteiro e da produção do filme em si. Jake tem um ritmo excelente, as cenas são bem montadas e todo orna, o único pecado que a direção cometeu, foi não arrancar mais dos seus atores, além do elenco não ser tão bem escalado.

No roteiro temos mais uma vez a bem sucedida do Michael H. Weber e do Scott Neustadter, que já fizeram juntos o excelente 500 Dias com Ela, The Spectacular Now e drama juvenil sucesso de críticas e de público A Culpa é Das Estrelas, que também é uma adaptação de uma das obras de John Green. A dupla trabalha bem os diálogos no filme, nada muito aprofundado (não cabia aqui nada muito complexo). como o ritmo é perfeito e os personagens são interessantes, o roteiro em sua excelência é de suma importância para todo o resto funcionar bem.

O elenco não é o ponto alto do filme e nem pretende ser, Nat Wolff faz um bom papel como o protagonista, um adolescente que sai desesperadamente atrás do seu amor platônico de infância, embora seu personagem não abra espaço para ele fazer grandes coisas, ele entrega o que lhe foi proposto. Cara Delevingne, que antes de assistir o filme eu achava perfeita para o papel da Margo, que é misteriosa e interessante, no final entrega pouco, não que comprometa, mas Cara não passa muita segurança no papel, pensei em 100 atrizes que poderiam fazer a Margo de maneira muito mais interessante. O restante do elenco é ok, sem destaques positivos ou negativos, mas é de se esperar em um filme que o ponto alto não é o elenco ou as performances.

Como eu disse, Cidades de Papel não é um filme de performances, mas o roteiro é impecável, a trilha sonora é bonita, a produção é bem feita, tem um ritmo excelente e os personagens tem um desenvolvimento razoável. Ainda que não seja perfeito, ou que seja só um pouquinho inferior ao tão comparado A Culpa é das Estrelas, o resultado final é bem positivo

Uma ótima surpresa, em um "road movie", que não se trata de um romance clichê juvenil, é um filme sobre a amizade, que cheira nostalgia a todo momento, e a cena final? É épica, não consigo imaginar nada melhor para o final desse filme, deixou um belo gostinho de quero mais.

4.3/5


56% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
57/100 no Mettacritic











segunda-feira, 20 de julho de 2015

Review: Um Santo Vizinho

Um Santo Vizinho (St. Vincent - 2014)

Um Santo Vizinho é um "dramédia" na medida, com tudo funcionando bem, tem ótimas performances, um roteiro afiado e uma direção de um estreante que não deixa nada a desejar.

Maggie acaba de sair de um casamento mal sucedido e se muda com seu filho, logo de cara, conhece Vincent, um senhor mal educado e egoísta, que é um vizinho nada agradável, mas que vive duro e aceita ser babá de Oliver e o filme começa a se desenrolar daí.



Um "dramédia" é tão difícil de ser feito, por mais que pareça fácil, não é, mesmo sendo o mais realista possível, tem que ser tudo na medida, tem que ter um desenvolvimento de personagens eficaz, piadas que tenham graça e que tenham um time correto e principalmente, a gente precisa ter um apego aos personagens e St Vincent consegue tudo isso.

O diretor e roteirista é o Theodore Melfi e pasmem, esse é o primeiro longa dele e consegue um ótimo resultado. O elenco é muito bem dirigido, Melfi filma de um jeito bonito, alinhado, bem enquadrado. O roteiro é excelente, piadas nos momentos certos, deixando o filme engraçado sem ser caricato sabe? Melfi é um gênio quando se trata de desenvolvimento de personagens, conseguimos nos apegar a todos eles de maneira única, envolvidos por ótimas performances e pelo roteiro afiado.

Bill Murray protagoniza o filme ao lado de Jaeden Lieberher e ambos estão excelentes. Murray consegue ir do cômico ao dramático sem muita dificuldade, ele encarna bem seu personagem e nos faz pensar que ninguém daria vida ao papel como tanta competência, sua performance mescla o humor com o drama, e na parte final, o que ele faz fisicamente é incrível. O garoto Lierberher por sí só já é engraçado, magricela, inocente e totalmente perdido em sua nova escola, o típico garoto nerd na pré adolescência, e nas cenas finais do filme, mostra que se continuar nesse caminho, será um excelente ator quando crescer. As coadjuvantes são Naomi Watts e Melissa McCarthy e ambas estão incríveis, Melissa saiu muito da sua zona de conforto e faz um papel sério, em algumas cenas ela se entrega completamente ao drama e nos binda com uma performance extremamente boa. Naomi está hilária, uma veia cômica inegável, sua indicação de melhor atriz coadjuvante no SAG foi merecidíssma. O elenco todo está impecável.

Um Santo Vizinho é um filme carregado com piadas sacanas, com um ótimo desenvolvimento de personagens e se firma como um dos melhores filmes de 2014. assistam, vale muito a pena..

4.5/5

77% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
68/100 no Mettacritic




sexta-feira, 17 de julho de 2015

Review: Para Sempre Alice

Para Sempre Alice (Still Alice -2014)

Still Alice é um bom drama, com uma performance excelente da Julianne Moore, um bom roteiro, uma fotografia impecável, mas é um filme que arrisca pouco e não chega a surpreender.

Alice Howland é uma renomada professora linguística, que está no ápice de sua bem sucedida carreira, Com o passar do tempo, Alice vai se esquecendo de pequenas coisas, palavras, uma receita antiga e entre outras coisas, até que procura auxílio médico e é diagnosticada com Alzheimer precocemente, com apenas 50 anos, o que coloca em cheque tudo o que havia construído em sua carreira.



O filme têm dois diretores, Richard Glatzer e Wash West, que também são roteiristas, e como eu disse lá em cima, não arriscam muito, mas fazem bem feito o que se propuseram a fazer. O roteiro é bem escrito, a cena do discurso, ou o diálogo da Alice com sua filha mais nova, sobre como é ter essa doença, são muito bem feitas, e os dois dirigem todo o elenco muito bem. Talvez se o drama excessivo fosse um pouquinho só menor no filme, ou tivesse algumas cenas mais felizes, retratando os momentos bons, o filme seria perfeito, mas eles apostam no drama pesado que a Alice está passando e deixam um pouco das cenas menos melancólicas de lado.

A fotografia é bonita, eles filmam muito bem, de maneira sutil, simples, em uma cena que a Alice está com seu marido na praia, você enche os olhos, a cena é filmada de uma maneira linda, com um plano de fundo impecável. A trilha sonora é funcional e a edição é bem feita.

Julianne Moore é o nome do filme, ela retrata a deterioração da doença de uma maneira incrível, as poucas explosões que a personagem tem são bem executadas, mas Moore arrasa nos momentos mais melancólicos, sem fala, fazia tempo que eu não via uma personagem tão real, não há essa coisa de um ator fazendo um papel de um doente, não! É a Alice ali e nesse sentido, Moore é perfeita. o elenco de coadjuvantes é bom também, principalmente o Alec Baldwin, que está ótimo no papel do marido de Alice, já Kristen Stewart, que todos estavam elogiando, continua a mesma "sem expressão" facial de sempre, mas agora se envolvendo em filmes de qualidade, o que já é um ponto positivo pra moça, o resto do elenco é bom.

Para Sempre Alice não veio com propostas novas, nem tão pouco fazer coisas chocantes, mas cumpre bem seu papel, dentro de suas propostas, com uma atuação perfeita e um filme bonito, que retrata com realismo o literalmente MAL de Alzheimer.

4.0/5

89% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
75/100 no Mettacritic