terça-feira, 12 de maio de 2015

Review: Entre Abelhas

Entre Abelhas - 2015

O cinema brasileiro vem crescendo muito nessa década e embora as comédias estejam cada vez mais sonolentas e previsíveis, estão saindo filmes maravilhosos (O Lobo Atrás da Porta, O Abismo Prateado e Jogo de Xadrez são provas vivas disso) e os dramas vem ganhando espaço, mas não se engane, Entre Abelhas não é um drama, não chega nem a ser aqueles "dramédias" realistas, é uma comédia sobre um drama pessoal

Bruno é um editor de imagens que está passando por um doloroso divórcio, com o passar dos dias, ele começa a tropeçar no vento, ver objetos se deslocando sozinhos, ônibus parando para ninguém descer e motoristas de táxis que simplesmente somem com o carro em movimento, ao captar esses sinais, Bruno percebe que as pessoas estão começando a desaparecer,mas só ele não consegue enxergar. com a ajuda de sua mãe ele tenta descobrir o que está havendo

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Ian SBF é o diretor, um gênio da comédia, consegue deixar sua marca aqui. O filme tem um ritmo bom nos dois primeiros atos, mas Ian consegue botar tudo a perder no terceiro ato, o desenvolvimento ficou muito prejudicado e o final acaba deixando algumas pontas soltas, e a edição não colabora também, os cortes secos são de chorar. A fotografia é muito bonita, principalmente nos momentos sem fala, ou quando o Bruno está na multidão e mesmo assim se sente só, é de uma sutileza incrível.

O roteiro é do Fábio Porchat e do Ian e é um roteiro bom até a metade do filme  depois começa a decair um pouco, com certeza, se tivesse levado a história mais para o drama, teriam tido um resultado melhor, o excesso de piadas sem graça incomoda, mas as vezes elas são assertivas. Como eu disse lá em cima, eles acertam no ritmo em mais da metade do filme, mas o final deixa a desejar, talvez uns 10 minutos a mais não matariam ninguém. A história por si só acaba sendo mais forte que as performances, o drama do protagonista é sentido com a passar do tempo, quando ele percebe que não só desconhecidos estão sumindo, seus amigos também, parece que Bruno se afunda mais e mais em uma depressão profunda e isso, é sentido na nossa pele.

Fábio Porchat é o protagonista e ele não está ruim, na verdade, em algumas cenas ele consegue se sobressair, mas ainda falta carga dramática ao ator, nas cenas de comédia ele acerta muito, mas em muitas vezes que precisava um toque mais dramático ou até melancólico, Fábio decepcionava. Irene Ravache faz a mãe do Fábio e cumpre bem seu papel. Marcos Veras é o amigo do Fábio também cumpre bem seu papel, que é sua zona de conforto (comédia). O elenco todo é linear, o único que arrisca mesmo é o Porchat e o resultado poderia mesmo ter sido melhor

É ótimo ver um filme arriscado, mesmo que não tenha sido concluído de uma forma adequada e mesmo com vários erros primários em sua edição e no seu roteiro, é muito bom ver um filme brasileiro que tenta arriscar um pouco mais, entrando em um drama pessoal, com várias metáforas que ficam no ar, mas seria melhor ainda se o filme tivesse sido de fato, bom.

2.0/5


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