quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Review: O Regresso

O Regresso (The Revenant - 2015)

Alejandro G. Iñàrrito é um diretor bem polemico, ele é 8 ou 80, ou você gosta de seus filmes ou você odeia, se em 21 Gramas e em Babel ele acerta em cheio, em Birdman e em Biutiful ele erra em cheio também. Engraçado, eu sempre acho que ou ele faz um trabalho 10, ou faz um trabalho 0, mas em O Regresso,ele consegue ficar no 5.

O filme é baseado na história verídica de Hugh Glass, um comerciante de peles que é atacado por um urso, quase morto e logo depois é abandonado por seus companheiros, o que ninguém esperava, era que Glass conseguisse se recuperar, mas ele se recupera com sede de vingança. O filme é basicamente isso, uma mistura de jornada de sobrevivência e de vingança, que mescla suspense, ação e aventura.



O Iñàrrito acertou em cheio em várias coisas no filme, os planos sequências nas cenas de ação são ótimos, se em Birdman eles eram mais simples, aqui eles são bem mais complexos, a primeira sequência de ação é excelente, toda filmada em plano sequência, com muita coisa acontecendo, vários atores envolvidos, com uma bela coreografia, acompanhada de uma trilha sonora muito boa, que dá uma sensação claustrofóbica, o modo que Inárrito filma também ajuda muito para que as cenas de ação sejam tão boas (exceção para o último ato).

As primeiras cenas são certamente o ponto alto do filme, o grande problema aqui é que Iñàrrito se apoia demais na fotografia do Emmanuel Lubezki, que se encaminha para ganhar seu terceiro Oscar (venceu por Birdman e por Gravidade).



Quando eu digo que o filme se apoia na fotografia, é porque falta um roteiro melhor para O Regresso (nem indicado para o Oscar foi e olha que Iñàrrito já venceu essa categoria ano passado), por mais que a história seja forte e o Iñàrrito filme bem as cenas de ação, falta contar melhor a história, falta ritmo, falta uma preocupação para encerrar o filme de uma maneira melhor, enfim, faltou.

A fotografia é extremamente linda, Iñàrrito fez escolhas assertivas, não usar luz artificial foi uma ótima ideia, todo o filme foi filmado apenas com luz natural, o que torna tudo de se encher os olhos, mas em um certo ponto, fica cansativo, ele flerta demais o tempo todo com isso, os tapes de 5/10/15 segundos mostrando uma árvore, ou uma montanha cansam, na primeira hora de filme vem o deslumbre, mas infelizmente Iñàrrito nos faz cansar depois disso.

Mais um problema do filme é o terceiro ato, o primeiro ato é excelente, o segundo ainda é bom, mas quando chega no terceiro ato, que já foi prejudicado pelo ritmo lento do filme e tudo piora. A última cena de briga é patética, prejudicando muito o resultado final do filme, poderia ter tido um desfecho muito melhor.



Como eu já disse, a trilha sonora e a fotografia são os pontos altos do filme, junto com a maioria das cenas de ação, Iñàrrito consegue nos transportar com facilidade para dentro das montanhas frias, o modo agressivo como ele filme as batalhas, em 360 graus, é de tirar o fôlego.

As performance também são ótimas. Iñàrrito gosta de filmar seus filmes em ordem real, poucos diretores fazem isso, mas é uma técnica que ele usa para os atores terem as verdadeiras emoções de seus personagens, o que sempre dá certo, ele costuma dirigir os atores muito, mas muito bem.

Leonardo DiCaprio está ótimo no papel do protagonista Glass, vai ganhar seu primeiro Oscar. Sua performance é bem física,sem personagem têm poucas falar, então DiCaprio trabalha à todo momento com seus olhares que expressam mais do que uma enciclopédia poderia dizer. Em uma das cenas mais bonitas do ator, onde ele diz "Eu não tenho mais medo de morrer" (não são exatamente essas as palavras),ali, naquele momento, dá pra ver o quão grandioso DiCaprio está (ainda que não seja a melhor performance masculina do ano e nem da carreira dele). Tom Hardy faz o antagonista do filme e está muito bem, o personagem dele tudo para ser caricato e ele poderia ter sido até canastrão, mas Hardy nos entrega uma ótima performance, ficando pau a pau com o DiCaprio. Destaque também para o Forrest Goodluck, que interpreta o filho do Glass, é seu primeiro papel e o garoto já mostra indícios de que vai ser um ótimo ator. O restante do elenco está muito bem também.



Engraçado né? Eu amei tantas coisas em O Regresso e odiei tantas coisas também, essa vontade de querer ser uma obra-prima sem que isso aconteça naturalmente, de ser feito só para as premiações, mesmo o diretor negando que faça filmes para premiações (me engana que eu gosto) incomoda demais, mesmo que tenha vários pontos à seu favor o filme se perde em sua falta de ritmo.


                                  DiCaprio é grandioso demais para aquele terceiro ato pífio.


2.5/5

82% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
76/100 no Mettacritic







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