quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Review: A Garota no Trem



A Garota no Trem (The Girl on the Train - 2016)

Clímax, palavra chave para qualquer suspense. Se em Garota Exemplar sobrava clímax, aqui em "A Garota no Trem" ele falta e falta bastante.

Rachel (Emily Blunt) é uma mulher alcoólatra, que foi despedida do seu último emprego, foi abandonada pelo marido e está infeliz. Ela viaja todos os dias de trem e observa Megan (Haley Bennett), uma mulher linda, casada e que aparentemente leva uma vida perfeita, além de ser vizinha da casa que um dia foi de Rachel e do marido, que hoje vive casado com a ex-amante Anna (Recebba Ferguson). Megan é dada como desaparecida e Rachel aparentemente estava no local do crime, bêbada, sendo um enigma como testemunha ou suspeita. O filme começa a se desenrolar daí.



Tate Taylor é um diretor que consegue fazer um trabalho satisfatório com um roteiro bom em mãos. Em "Histórias Cruzadas" foi assim, ele tinha um roteiro bom em mãos, dirigiu muito bem os atores e o filme em si. Já em "Get On Up: A História de James Brown" ele realiza um trabalho bem mediano, com um clímax totalmente artificial. Em "A Garota no Trem", ele realiza um bom trabalho na direção dos atores, mas seus closes piegas, as câmeras lentas em excesso, a falta de clímax e os dois primeiros atos massantes, deixam muito a desejar.

O ritmo é um problema do filme, os dois primeiros atos são extremamente arrastados, por mais que as introdução as três mulheres tenha ficado boa, o filme demora a engrenar, falta criar vínculo com os personagens, falta profundidade na vida dos protagonistas e no suspense do desaparecimento, por mais que o elenco esteja ótimo, o roteiro não engrena, fica sempre no quase. Mesmo com tudo isso, o terceiro ato é muito bom, é onde o suspense começa a pegar o público e a história começa a ficar interessante, mas infelizmente não apaga mais da metade do filme que se arrasta em cena.




Além disso, o Tate filmou de uma jeito tão piegas, hora e meia uma cena em câmera lenta, com embaçados, que mesmo representando a visão embriagada da Rachel, são completamente bregas. Até mesmo os closes fechados que ele dá nos atores nos momentos mais dramáticos soam artificiais.



O elenco é o ponto alto do filme. Emily Blunt faz uma performance digna das premiações, ela retrata com fidelidade uma alcoólatra que está no fundo do poço, tão pra baixo que precisa observar a vida de uma mulher que ela julga que seja feliz. Blunt está densa, pesada, seu olhar é sombrio, sua carga dramática é muito bem explorada e ela entrega uma performance que é maior que o próprio o filme. Haley Bennett interpreta Megan, um prato cheio para ela, pois a personagem tem várias nuances e bons momentos ao longo do filme. Haley consegue trabalhar muito bem, ela é sensual, provocante, dissimulada e atirada, mas nas horas mais dramáticas ela segura muito bem também. Rebecca Ferguson completa o elenco feminino principal, sua personagem tem menos espaço em cena, mas no terceiro ato ela ganha importância e também faz um bom papel. O restante do elenco é muito bom e ninguém compromete nada.


Com performances tão boas e uma Emily Blunt em sua melhor fase, "A Garota no Trem" tinha tudo para ser incrível, mas com uma direção equivocada e um roteiro furado, fica só no "quase lá" mesmo.

2.0/5

44% de notas positivas no Rotten Tomatoes
48/100 no Mettacritic







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