quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Review: Sharp Objects



Sharp Objects (2018)

Garota Exemplar é um dos melhores filmes da década, sem dúvida nenhuma. Seu roteiro, altamente eficaz no desenvolvimento da personagem principal e preciso na hora de colocar as reviravoltas, foi adaptado por Gillian Flynn e é um primor. Agora, mais uma de suas obras ganha uma adaptação, só que agora em forma de minissérie, onde Gillian Flynn ajuda a escrever o roteiro, que novamente preza pelo desenvolvimento de personagens e consegue criar um final surpreendente.

Camille Preaker (Amy Adams) é um jornalista adulta, que é depressiva e alcoólotra. Após um assassinato de uma adolescente em sua cidade natal, Camille retorna lá para ajudar nas investigações e se vê confrontada com traumas passados e com a relação conturbada com a sua mãe, Adora (Patricia Clarkson).



Ao primeiro olhar, pode até parecer que Sharp Objects demora a engrenar, e de uma certa forma, demora mesmo, mas existem vários detalhes nos primeiros episódios que podem passar despercebidos se você não estiver bem atento.  A sensação claustrofóbica que Wind Gap passa não é ao acaso, a cidade pequena, cheia de moradores misteriosos, cores pastéis, os takes longos em objetos ou casas, o figurino sufocante de Camille, tudo te deixa desconfortável.



Jean-Marc Vallée (Big Little Lies, Livre, Clube de Compra Dallas) dirige os oito episódios da minissérie e também assume o posto de editor. As duas funções são bem executadas pelo cineasta. A direção de Vallée é milimetricamente calculada, ele aproveita cada ponto da casa de Camille em Wind Gap, sabe usar todos os momentos introspectivos da personagem e na edição, usa os flashbacks nos momentos certos para despertar curiosidade e para revelar o que é necessário durante cada episódio.


Como o desenvolvimento de personagem é o foco aqui, a investigação assume o segundo plano (as vezes deixada de lado), podiam ter dado um pouco mais de ênfase nos assassinatos. Oito episódios também parecem muito para a história, principalmente entre o segundo e o quinto episódio, parece que a trama não avança, com certeza uns dois episódios a menos cairiam bem para Sharp Objects.


Amy Adams não está nada menos que formidável aqui, seu trabalho é minucioso, há um esforço corporal tremendo, até seus movimentos são lentos, dando a entender que sempre Camille está de ressaca, Adams dá uma ou outra explosão dramática durante a série, mas a preciosidade do seu trabalho vem da sutileza, dá para ver em seus olhos a dor imensurável de sua personagem, é um trabalho maduro, sensível e que só uma atriz do nível de Adams pode entregar. Patricia Clarkson entrega uma performance repleta de mistérios, olhares e que tem uma presença forte. Eliza Scanlen é uma revelação e uma grata surpresa, sua performance cresce com o avançar da série e nos dois últimos episódios ela rouba a cena. (Até queria comentar mais sobre as atuações, mas aí eu posso acabar dando spoilers rs).


Sharp Objects é uma minissérie com um desenvolvimento de personagem impecável e é tecnicamente bem feita, mas o exagero na lentidão do ritmo podem afastar telespectadores mais apressados. Um ou dois episódios a menos fariam muito bem, mas nada que seja gritante. Amy Adams dá um show e merece todos os prêmios desse mundo e o final, ah, o final é surpreendentemente ótimo.

4.0/5

93% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
77/100 no Metacritic








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