segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Review: A Favorita



Com 10 indicações ao Oscar, A Favorita é um filme sem defeitos, com atuações excelentes e uma das melhores direções de arte da década.

No começo do século XVIII, a Rainha Anne (Olivia Colman) governa a Grã Betanha sem pulso firme, com sua confidente Sarah Churchill (Rachel Weisz) ditando cada passo a ser tomado. Isso muda quando Abigail Masham (Emma Stone) chega ao palácio e se aproxima da rainha.


Basicamente, a história gira em torno do jogo de manipulação, da disputa da Sarah com a Abigail para ver quem fica mais próxima da Rainha. Todo o restante serve de pano de fundo para isso, inclusive as fragilidades do Governo de Anne, a Guerra com a França e todas as questões do Reino são coadjuvantes no longa.



O roteiro original de Deborah Davis e Tony McNamara cria três personagens complexas, interessantes e que são interpretadas muito bem pelas protagonistas. O tom do filme varia entre o humor e o drama, mas o humor ainda prevalece, com piadas rápidas, ácidas, de humor negro e que refletem a época em que o filme se passa.


A direção do Yorgos Lanthimos é ousada e acerta em usar as lentes grandes oculares (olho de peixe) em vários momentos no palácio, além de sempre explorar muito bem os ambientes cheios de detalhes e saber tirar das três atrizes principais o melhor. É uma direção cheia de personalidade e que mereceu a indicação ao Oscar que recebeu. Yorgos ascendeu rápido em Hollywood e é sempre bom ver um diretor com um estilo próprio ser reconhecido.

O design de produção (ou direção de arte) de A Favorita é surreal, o palácio é tão milimetricamente bem feito, com inúmeros elementos belíssimos e ricos em detalhes. É meticuloso, é impossível imaginar que o filme se encaixe como um filme independente, a impressão que dá é que gastaram fortunas e mais fortunas na construção do palácio.


A trilha sonora não agrada, mas é feita para criar um clímax de incômodo, gera uma leve tensão, mas nada que diminua as qualidades do filme. O figurino é de encher os olhos, os detalhes nas roupas da Rainha, da criadagem ou da nobreza são lindos.

As três são protagonistas, mas Emma Stone têm mais tempo no filme e é ela quem movimenta tudo, seu trabalho é muito bem feito, principalmente nas cenas de manipulação, ela vai da inocência à maldade em segundos, sempre com um carisma acima da média. Olivia Colman tem uma personagem facilmente caricata, mas ela reverte isso para o bem próprio, ela consegue ser extremamente frágil e forte ao mesmo tempo, é irritante e engraçada, é contida em emoções e explode com a gritaria, é uma performance memorável e que mereceu o prêmio em Veneza. Com isso, sobra para Rachel Weisz a personagem mais difícil e ela é a que se sai melhor (se é que isso é possível) das três. Rachel cria uma personagem misteriosa, forte, autoritária e que só com olhar, já amedronta, além de ter um humor bem malvado. Mesmo com uma personalidade forte, dá para sentir o amor que ela tem por Anne, é um trabalho memorável da Rachel Weisz, provavelmente o melhor da sua carreira. O restante do elenco de apoio está bem, mas o destaque é para essas três excelentes atrizes mesmo.



A Favorita termina e uma sensação de quero mais fica no ar, que o Yorgos faça logo outro filme e que convide Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone novamente.

5/5

93% de críticas positivas no Rotten Tomatoes
90/100 de Metacritic


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